É muito fácil falar de coisas que gostamos e de como tudo se desenrola bem, o difícil é descrever emoções - ainda mais quando estas vêm com extrema força.
Atualmente estou morando em Londres, na Inglaterra, há exatos cinco meses. Deixei para trás o jornalismo, a faculdade de Ciências Sociais, amigos, família... enfim, tudo aquilo que conheço bem para desvendar novas paisagens que este mundo tem à oferecer.
Sou fã incondicional da banda The Beatles desde o início da minha adolescência, mas só agora descobri a força do meu sentimento pelas músicas destes quatro garotos.
Recentemente estive em Liverpool para ver o último show da turnê On the Run, de Sir Paul McCartney, depois de vê-lo em São Paulo e também aqui em Londres. Diante à tudo isso já vivido, posso lhes garantir: a emoção é singular à cada apresentação.
Momentos beatlemaniacos
Tamanha é a tal singularidade, que em cada show aconteceram coisas bem diferentes. A apresentação em São Paulo (novembro de 2010) foi resumida em total loucura, depois de 12 horas corridas em pé na fila e de baixo de chuva, juntamente com meu amigo e fotógrafo Tchélo Figueiredo. Teve toda aquela emoção de primeiro contato, com muitas lágrimas e gritos - tanto que minha voz era praticamente inexistente no pós-show.
Em Londres (início do mês) o clima mudava pelo fato de estar junto de velhinhos ingleses, animados em ver o ídolo da 'época'. Dava para perceber nos olhos de cada um a lembrança dos possíveis momentos de juventude, quando as festinhas com dancinhas de rosto colado ainda faziam parte da rotina 'badalada'. Além, é claro, de ver o Ronnie Wood (do Rolling Stones) fazendo participação especial - confesso me tremi toda com a surpresa.
Agora, em Liverpool a história já era outra... Além de eu estar na cidade natal, onde tudo se respirava à banda, eu estava rodeada de pessoas que viram o grupo nascer ou nasceram a ouvindo. A energia era muito mais intensa e a emoção foi maior do que eu jamais esperaria.
O show
A data era dia 20 de dezembro de 2011, no Echo Arena Liverpool. Diferente das outras apresentações, nas quais usava uma camisa branca, Paul resolveu inovar com uma rosa clara por baixo de um paletó preto.
Para destruir os corações dos conterrâneos, o ex-Beatle começou tocando Hello Goodbye, Junior's Farm e All My Loving, com todo o charme e simpatia atrás de seu velho companheiro, o baixo em forma de violino que o acompanha desde a época dos Beatles.
Visivelmente emocionado durante a apresentação, suas primeiras palavras foram: "Olá, Liverpool. Está é a última noite da nossa turnê e que belo lugar para acabar com ela" - se meu inglês não deixa falhar. Rs.
Três horas de muita emoção para marcar com toda a força a 'volta' à casa. O set-list estava intercalado com sucessos da carreira solo, Beatles e Wings. Canções mais animados como Jet e Drive My Car, o novo single Sing in the Changes e a dançante Help's the Night Before marcaram o início da noite.
Trocando o velho baixo pela guitarra, tocou Let Me Roll It e em seguida Paperback Writer, liderando quatro excelentes harmonias de sua banda que não deixou falhar em nenhum momento.
No piano, minhas lágrimas começaram a rolar de verdade, quando este começou a tocar The Long and Widing Road e Come and Get It.
Com o violão em mãos, dedilhou Blackbird. Porém, vi que os 'deuses' também erram quando ele se confundiu com a letra. "Isso é a vida. Eu também erro" - afirmou arrancando boas risadas do público.
Surpresa grande com Penny Lane, esta que, como o mesmo Sir afirmou, não estar na set-list de todas as turnês dos últimos anos. O que me deixou arrepiada, pois na mesma tarde visitei a rua com a linda placa à mostra.
Canções que fizeram uma verdadeira viagem ao tempo, como Eleanor Rigby, Ob-La-Di Ob-La-Da, Back in the USSR, Band on the Run, as emocionante A Day in the Life e Let It Be. Além da eletrizante música Live and Let Die acompanhada com apresentação pirotécnica de tirar o fôlego e o considerado hino da antiga geração Hey Jude.
Mas, particularmente falando, me emocionei extremamente (mais uma vez) com as homenagens que o ex-Beatle fez aos seus antigos colegas de banda. Cantando a música Here Today, que segundo ele, foi inspirada em uma das últimas conversas que teve com Lennon (antes deste morrer) e Give a Peace a Chance.
Apesar de toda a alegria em falar e cantar para John, percebi que a 'estrela-more' da noite sentia-se mais emocionado ao falar de George Harrison. Antes de começar a cantar, relembrou de quando o conheceu no ônibus a caminho da escola e de suas primeiras palavras com o amigo. A canção Something foi cantada juntamente com as 11 mil pessoas, como se todos fossemos back-vocals da banda, cantando em uníssono.
No início do segundo bis, as músicas The Word, All You Need Is Love, efeitos de neve com Wonderful Christmas Time (cantada com um coro de crianças), Day Tripper e Get Back. Além de Mull of Kintyre, acompanhado de uma banda escocesa de tubos. Músicas diferentes dos demais show, com um super clima natalino.
E para terminar a noite, o meu trio de músicas favorito: Golden Slumbers, Carry that Weight e The End. Tudo não poderia ser mais perfeito.
Sai de lá anestesiada com uma felicidade sem explicação. Mas nada é tão bom que não possa ser melhor: Terminei minha noite no melhor estilo possível, indo ao The Cavern Club, onde os Beatles fizeram suas primeiras apresentações em Liverpool e dancei tudo o que meu corpo pôde aguentar.
faixada do Cavern |
dá para ver meu olho com lágrima? |
eee! |
É muito bom parar e ver o quanto a vida pode oferecer. Mal esperava que pudesse viver tudo isso de uma vez só. Se absolutamente tudo fosse possível, acho que depois destes acontecimentos, eu gostaria de somente abraçar a cada um deles (mesmo no além) e agradecer por ajudar a construir os meus maiores sonhos, e é claro, que cada um deles pudessem se tornar realidade.
2 comentários:
Oi Sika
Lindinha
Valeu pela viagem
Eu li seu blog
A Inglaterra deve ser um país bom prá se morar
Pelo menos aí não deve ter PCC, falta de assistência médica, etc, etc.
Você me perdoe a sinceridade, mas não
existe mais nada dos Beatles nas apresentações do Paul
Ele está faturando
Os músicos que tocam com ele são competentes mas tudo já ficou prá trás como diz o Belchior
A gente vive de lembranças
Sou um pesquisador do trabalho dos caras
Eles eram uns caras espertos e trabalharam no estúdio que nem loucos com a supervisão do Martin e criaram verdadeiros clássicos
Foi bonito
Mas tudo já terminou
Sei lá .... você me desculpe
O Paul tá acabado e caindo no palco
John tinha razão
O Paul deveria parar
Mas ele insiste
Sei lá....
abração
Até
Rui
Oi,Rui! Tudo bem?
Então, eu entendi o que você quis dizer, mas o contrário do que vc mencionou, o Paul não está 'acabado' nem de longe. Para quem tem 69 anos e 50 de carreira, o cara está muito inteiro, obrigado. Além de deixar o show para cima durante três horas inteiras. Eu posso te dizer isso, pois tenho propriedade para tal, pois, como escrevi, assisti ao show três vezes. Quanto ao que existe ou não dos Beatles durante o show, isso já é outra história. Infelizmente nunca estive em um show deles, pois a minha idade não coincide com os anos da banda, mas segundo alguns ingleses com os seus 60 e mais anos que conversei, a essência da banda e todo aquele astral de um ex Beatle está presente durante as apresentações. Isso é fato, tudo muda, mas no caso, acho que foi para melhor.
O John é uma total excessão que não cabe aqui discutir. Só se estivermos em um bar tomando cerveja, ai sim hehe. Mas valeu pelo comentário! Sempre é bom discutir ideias.
Abraços!
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