quinta-feira, 27 de março de 2008

Mania: espécie de perturbação ou excitação caracterizada por aferro a uma idéia fixa;

Hobbie: Passatempo, passa-tempo ou mania (também comum em inglês: hobby), é uma atividade de entretenimento livre que indivíduos desenvolvem sozinhos ...

Como deu para ver, os dois têm lá a sua diferença. Um é produtivo e o outro perturbador.
Todo ser - humano que se entende por gente (ou não) tem seus hobbies e manias. O que seria a vida de um ser sem estas duas coisas essenciais?! Uma "sem graceira", acredito...
Por toda a minha vida, tive "N" hobbies e manias. Alguns me desfiz de vez, outros desfiz e voltei a praticar com o tempo e outros pratico até hoje. Sinceramente, apesar de muitos me fazerem um tanto 'mal', me divirto muito!

Allright, vamos explicar por partes então:


Manias

Muitas pessoas encaram "manias" como algo ruim, sem nexo. Bom, apesar de ser teoricamente verdade, a minha agonia esmaga qualquer explicação do tipo. Quando era pequena, tinha a mania de chupar o dedão da mão direita com uma fralda acompanhando. O mesmo dedão, até hoje é mais fino que o outro, e tive que usar 1 ano e meio de aparelho fixo por conta disso. Mas, pow! Era tão bom! Ficava estalando a pontinha da fralda perto do rosto com o dedão na boca, andando pra cima e pra baixo. Minhas tias viviam falando que iam colocar pimenta ou esparadrapo em meu dedo, para que eu parasse de vez com a "chupança", mas ainda bem que não passava de simples ameaças.

Nenhum de meus amiguinhos sabiam (apesar de que na época não tinha muitos, por ter acabado de mudar para uma casa bem distante da anterior), até que um dia, o "peste" da minha sala me pegou desprevenida com o dedo na boca e estalando a fralda que estava dentro da minha mochila. Foi uma zuação imensa, que deixaram traumas profundas na época. Depois deste fato traumático, tentei largar de várias maneiras, mas era mais forte que eu. O tempo foi passando, e todos começaram a encarar esta mania como um vício perigoso, e isso começou a me chatear. Por circunstâncias da vida, fui viver com meus avós, e parte das minhas coisas ainda estavam na minha antiga "casa" (só tinha móveis e outras coisas mais, mas ninguém morava nela), inclusive a fralda. Como eu não chupava o dedo sem ela, pedia sempre para a minha mãe trazer. Mas ela, muito esperta, ficou me enrolando, tanto que chegou um momento em que um belo dia, finalmente me deparei com ela novamente, coloquei o dedo na minha boca e... nada. O dedo não tinha mais gosto, o estalo da fralda não tinha mais "melodia". A minha relação com o dedo e a fralda havia terminado naquele momento... A única lembrança que tenho desta fase até hoje, é uma de minhas fraldas, guardada no cofre pessoal de meu pai. Uma boa lembrança.


Outra mania que tive foi a de ter amigos imaginários. Acho que esta é uma das manias mais comuns entre crianças de 3 a 6 anos, por aí. Lembro-me que na época, meus pais começaram a montar uma lojinha de artesanatos. Lá se vendia tudo regional, e como moro em terras "pantaneiras" havia muitos passarinhos de madeira (Araras, Tuiuius, etc.). Um belo dia, meu pai chegou com um passarinho de madeira bem pequeno, que se escondia até na minha mão. Ele era verde e tinha um bico rosa, acho que era um estereótipo de periquito. Logo de cara me apaixonei por aquela coisinha verde, muito parecido com os que via nas gaiolas. Como não tinha muita criatividade com nomes, pelo seu tamanho e cor comecei a chama-lo de "Verdinho".

Sempre brincava com ele junto com as minhas bonecas. Sempre servia "chazinhos", oferecia passeios pelo jardim de casa e contava sobre o meu dia - até pedia conselhos. Não me lembro muito bem de tudo, mas lembro que ficava sempre empolgada quando estava com ele. Até que em um belo dia de sol, ele sumiu... Fiquei chorando pela casa, procurando o Verdinho em todos os cantos. Cheguei a gritar seu nome, mas nada... Até que finalmente o encontrei, mas aos pedaços na boca da cachorra que tínhamos na época: a Neguinha. Um pastor alemão enorme, que esquartejou meu maior companheirinho das tardes solitárias... Chorei bastante, até me cogitei a dar uns tapas na cachorra, mas foi em vão (ela era maior que eu, nem sentia o peso de minha mão). Mas com o tempo, fui superando, e outros amiguinhos imaginários foram surgindo, mas isso já é outra história...


Bom, deixando um pouco as frustrações infantis de lado, vamos contar sobre as atualidades. Foi difícil selecionar minhas atuais manias, mas escolhi uma que mais me incomoda e outra que não faz tanta diferença.


Começando pela que me incomoda muito, mas que gosto da mesma maneira: Arrancar as unhas dos dedos mindinhos dos meus pés. O que?! Você nunca viu ninguém fazendo isso? Ou, nunca fez isso?! Nossa! Recomendo demais! Adoro sentir aquela dorzinha da uínha saindo aos poucos, e eu cutucando seja lá com o que for, até não querer mais. Pego o alicate e cutuco tudo, até sair todas as lasquinhas parasitas deles. Muitas vezes (ou sempre) sangra, mas isso é conseqüência de uma mania. O ruim depois é usar sapatos fechados com os dedinhos esfolados, mas como gosto da dor...


Outra mania, que vem desde criança, é a de comer banana amassada com leite em pó. Agora, isso não acontece com muita freqüência, pois comecei a trabalhar. Mas antes disso, era todas as tardes comendo a bendita banana amassada com leite ninho, no que me rendeu alguns quilinhos a mais, mas - como disse anteriormente - isso é conseqüência de uma mania...


Hobbies

Esta é uma coisa que tenho em grande quantidade, e sinto até prazer de falar sobre elas.
Eu tinha mais ou menos uns 7 ou 8 anos (idades reveladoras essas, não?) e não conseguia fazer um “círculo na boca do copo” (não sou boa com ditados populares... help-me!), ou seja, meus desenhos sempre saíam tortos e feios. Mas um dia algo estranho aconteceu... Não me lembro muito bem do momento, mas estava sozinha em meu quarto observando as coisas (até hoje tenho ataques “autistas” semelhantes), peguei um papel e comecei a fazer linhas e rabiscos tentando copiar alguns desenhos da Disney que tinha em minha mochila. Fui juntando todas aquelas linhas aos poucos, e de repente... Bum! Fiz um desenho. E para quem não sabia fazer nada, até que saiu alguma coisa que se pode chamar do mesmo. O “grande acontecimento” se espalhou pela casa, e não demorou muito para que minha família inteira soubesse também. Todos ficaram bem orgulhosos do tipo “finalmente a caçula, gordinha de pés tortos fez alguma coisa que presta”. O negócio se estendeu tanto que minha mãe decidiu me pagar aulas de pintura. Comecei a mexer com umas ondas de cores, pincéis e cheiros (bem fortes, diríamos). A principio achei bem interessante, pois poucas crianças da minha idade tinham o dom de desenhar e pintar como eu tinha. Até minhas coleguinhas de sala não sabiam desenhar, só pintavam mesmo e a professora se encarregava do resto, ou não. Muitas vezes elas me chamavam pra ajudar, ou seja, pra desenhar a tela inteira (hehe) , mas nem achava ruim. O preto e branco sempre me atraiu mais do que um monte de cores uniformemente juntas, diferente dos rabiscos que eram sempre livres. Enfim, o tempo foi passando e comecei a pintar com um monte de senhoras da meia idade, o que não foi tão diferente, pois poucas tinham o dom para o desenho também. Até que uma teve a bondade de me pagar sem eu cobrar. Fiquei super feliz, pois isso influenciou outras a pagarem também. Comecei a juntar o útil com o agradável sem nenhum esforço e deixava minhas telas para segundo plano. Foi a época mais bem resolvida financeiramente da minha infância, nem pedia mais dinheiro do lanche pra minha mãe, e comia coisas muito mais gostosas e caras. Mas com o tempo aquilo tudo foi me cansando – como todas as coisas da minha vida - e deixei de lado os pincéis, as cores, os cheiros e também os lápis.


O desenho começou a ser um hobbie bem raro no entanto e precisava preencher aquele vazio recente. E cai de cabeça no mundo da leitura, do cinema e da música. Tudo isso começou a mexer muito comigo, ficava encantada com as viagens que tinha através de pequenas letras, das emoções que sentia através de imagens e a embriagues que tinha através das canções drogas que nem cogitava em usar cada vez mais e mais. E um dos grandes colaboradores disso tudo foi meu pai e sou agradecida demais por este “auxílio” que me deu. Ele sempre foi muito fã de música erudita, principalmente quando se trata de Mozart e sempre quando meu velho coloca o som pra tocar o local vira uma verdadeira missa, ele fecha os olhos e começa a fazer movimentos com as mãos como se tivesse guiando uma orquestra inteira com aquelas melodias rápidas e “flutuantes”. Ele chegava a ficar todo arrepiado de tanta emoção e sempre (eu disse: sempre!) dizendo no final as mesmas palavras "Como que um cara é capaz de fazer uma canção dessas?! Ele fez 672 músicas como essa aí, e todas já montadas na cabeça dele, ele só tinha o trabalho de passar pro papel. É muita coisa...". A principio achava engraçado e um tanto ridículo tudo isso que ele fazia e falava, mas com o tempo fui percebendo o quanto estava enganada... Comecei a descobrir a essência de tudo aquilo e me convencia mais e mais de que meu pai tinha total razão. As músicas são marcantes e profundas, você entra mesmo em um estado de transe se começar a ouvir de verdade, de verdade digo com os olhos fechados naquela que no mundo só existe você e aquela canção, escutando cada corda de violino lançada, cada flauta assoprada, é uma coisa fora do comum (olha só, já estou falando como meu pai até hehe).
A paixão pelos livros e pelo cinema digo que foi espontaneamente. Desde que descobri uma biblioteca nos colégios que estudava (desde o primeiro: Coração de Jesus), tinha a "mania" de pegar livrinhos infantis e ler a todos. Hoje em dia, os livros que leio mudaram bem o seu foco de história e aparência, dispensando figuras animadas e animais falantes, mas o encanto e a imaginação sempre fluem da mesma maneira. Não diferente do cinema. Costumo falar que “descobri” a 7ª arte a partir de Chaplin. Ver os filmes dele é muito mais que observar várias imagens em preto e branco com baixa qualidade e sem fala, é viver o significado de tudo aquilo junto. É incrível como ele conseguia fazer somente com pequenos rolos de filme, escancarar a beleza escondida que a vida possui, rir da cara da hipocrisia, da ganância, da injustiça como se tudo isso e seus sinônimos fossem as coisas mais engraçadas do mundo. Não é a toa que os chamam de “gênio”, um gênio vagabundo que vivia como podia com seu chapéu, sua indispensável bengala e seu andar engraçado...



Enfim, estes foram só alguns exemplos do que vivo, sofro, dou risada ou nenhuma das opções anteriores. São coisas pequenas assim que mostram o valor dos momentos desta vida que insiste em nos castigar diariamente, ou vice e versa.

domingo, 23 de março de 2008

Nostalgia


Algumas partes...