terça-feira, 26 de abril de 2011

Uma coisa puxa a outra

Ontem eu vi um vídeo que me deixou um tanto intrigada e me fez pensar em diversas coisas, como as vertentes da vida que encaramos com determinada distinção, porém que se cruzam em conseqüências do dia-a-dia.

Bom, para vocês entenderem melhor o que estou dizendo, aqui vai o próprio. Tirem suas conclusões ao ver, que em seguida darei as minhas.



Esta reportagem me remete alguns pontos de vista que se liga a alguns dos temas “que não dá para se discutir” na opinião pública: religião e política.

Em primeira impressão, pelo menos ao meu ponto de vista, vi que o pastor/pedreiro aproveitou de uma brecha equivocada da bíblia para se “aproveitar” de um fato socialmente condenável – o adultério. Porém, por trás disso traz há conseqüências que não se pode considerar exclusivamente erro do pastor, e sim, por três importantes fatores: do ensino de pouca qualidade aplicada no país, do direcionamento da reportagem e dos equívocos que a própria bíblia apresenta.

Vamos por partes. Que tal começarmos a falar da tão temida política? Esta que está presente no cotidiano das pessoas desde os tempos mais primórdios, no qual tantos teóricos se propõe a explicar.

Segundo estatísticas do IBGE, quase a metade de crianças e adolescentes, mais precisamente 42%, abandonam as escolas antes de concluir o ensino-médio para trabalhar e ajudar em casa, e grande parte delas vêm de escolas públicas, o que já estamos carecas de saber que não há qualidade suficiente para o mercado de trabalho. E isso resulta nos afazeres braçais, nos quais não se exige tanto o lado intelectual da questão.

Creio que este pedreiro está dentro destes números que se fazem a maioria no país. É fácil dizer que o homem é um ‘malandro, crente safado’, entre outros, sendo que não acompanhamos o cotidiano deste trabalhador, que, muito provavelmente, a vida não lhe ofereceu oportunidades de se ter uma boa educação a ponto de ler e entender corretamente o que se diz em uma estrofe da bíblia.

Além de todas estas questões que infelizmente são presentes até hoje, em pleno séc. XXI, ainda temos que encarar reportagens totalmente tendenciosas, que estimulam o telespectador a pensar de tal forma, com pouco esforço e de extrema sutileza.
Acho que quase todo mundo sabe da rivalidade entre a Globo e os evangélicos do país, ou melhor,da Record, cujo dono é pastor evangélico, Edir Macedo. Apesar de parecer um tanto curioso, há de se fazer uma ligação em cima destes fatos.

A monopolização da comunicação brasileira faz com que determinada emissora (Globo) se apresente apelativa em alguns casos, como este, por exemplo: Ridicularizando um simples trabalhador por um equívoco ocorrido, manchando ainda mais a imagem do pobre no país, em troca da permanência no poder injusto, que deveria estar concentrado no povo. É claro nas entrelinhas da matéria que Justino, o pastor/pedreiro, tentou buscar o tipo de sabedoria profunda dentro de conceitos religiosos, lidos diretamente do livro mais famoso de todos os tempos: a bíblia. Esta que, apesar de apresentar diversos exemplos de vida para a sociedade, não é vista por mim, como um bom caminho para a tão almejada ‘salvação’.

Em minha adolescência tive um breve estudo sobre a bíblia, e comecei a ver contradições nos capítulos estudados e ensinamentos que já não são tão aplicáveis para os tempos de hoje. Dentro disso tudo começou em mim uma certa rejeição a ela.
Para começar a discussão, a própria foi escritas por homens, como eu, como você, que têm pecados, que cometem erros e que são totalmente vulneráveis aos “prazeres errados” da vida.

Para provar o que acabei de falar, a bíblia em suma considera a mulher algo de exclusivo uso do homem, aplicando limitações na vida até intelectual desta. Desculpe-me os religiosos que seguem a risca os ‘ensinamentos sagrados’, mas esta é a realidade, não é? Aqui vão as estrofes:

"As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor.... Como, porém, a Igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido" (Efésios 5:22,24).

"Esposas, sede submissas ao próprio marido, como convém no Senhor" (Colossenses 3:18)

"Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido..." (1 Pedro 3:1)

Que Deus seria esse, injusto, que dá o poder de pensar a ambos os sexos e dá regalias a uns e limitações a outros? Deus não prega a igualdade, a perseverança e o respeito ao próximo? Acho que isso é muito bem aplicável nestes âmbitos.

E tem outra, se a bíblia é tão sagrada assim, por que, além de ser registrada por homens (como eu disse anteriormente) ela é escrita em meras folhas, sendo que tem gente que até interpreta uma receita de bolo diferente? Sem contar no fato de que ela existe a dois mil anos e antigamente, nas missas, era lida em latim, no qual praticamente ninguém entendia absolutamente nada do que era pregado, apenas se informavam através de padres corruptos e inquisitórios. Esta, segundo a história, só começou a ser traduzida por Martim Lutero, no séc. XV, para o alemão, sendo que o mesmo era aliado da monarquia, que tinha lá seus interesses próprios que nem cabe aqui discutir.

Enfim, juntando tudo isso e mais um pouco que ronda a minha cabeça neste momento: é justo julgarmos o estudo, a crença e a ignorância da grande maioria pobre no país? Brasileiros que não tiveram contato com a melhor educação que o mundo poderia oferecer, mas que as ocasiões não permitiram. Além de existir ainda pessoas que obtém todo o ensino que a vida proporciona e ainda se sentem no direito de chacotear os que não tiveram as mesmas oportunidades, por puro capricho que se espelha na repressão vivida nos mil anos de trevas da inquisição aplicada pela própria igreja, alegando os ensinamentos sagrados da bíblia.

Uma coisa puxa a outra e a história se repete. Estamos verdadeiramente vivendo em uma democracia e também na liberdade de expressão? Realmente são essas e outras coisas que ainda são maquiadas, no qual os poderosos fingem que respeitam e nós fingimos que obtemos destas “regalias”.

Era isso.