segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Medo e delírio em Amsterdam

Não, não estou aqui para escrever um incrível texto alá H. Thompson (mesmo porque eu não tenho toda essa habilidade), mas sim, contar um pouco sobre os acontecimentos do último final de semana, no que se resume em: mochilas, albergue, Burger King, drogas e muita chapação.

Como toda boa galera, reunimos alguns dias antes para organizar a viagem. Mochilões prontos, passagens e passaporte na mão, porém algo muito importante que deixou passado... o albergue! Depois de uma breve pesquisa de remarcação da data e dormitórios pela internet (que pelo visto, estavam com preços bem salgados) decidimos ir na 'caruda' (cuiabanês, ou 'cada dura' em tradução livre hehe) e procurar algum cantinho para ficarmos, mesmo que fosse na estação de trem!

Saímos de Londres quinta-feira a noite (08/09) e chegamos pela manhãzinha de sexta extremamente quebrados. Também pudera uma viagem inteira com o rádio nas alturas tocando clássicos dos anos 80 no ouvido não é mole não! Inferno de motorista...

primeira foto antes da jornada

ENFIM!

Chegando em Amsterdam, o tempo estava um tanto frio e fechado. Pegamos um metrô para irmos ao centro e achar nosso destino por lá. Nisso, descobrimos quanto é inútil comprar tickets para transportes públicos. Tudo isso porque as catracas são abertas, ou seja, você tem livre-acesso clandestino se quiser. Ficamos um fim de semana inteiro andando pela cidade, pegando bondes e metrôs, sem pagar ao menos uma passagem se quer. O que deu para economizar alguns erozinhos...

Já no centro, o grande dilema estava a discutir: onde ficar? Andamos durante duas horas entre as ruas para saber  sobre um local ideal, ou seja, mais barato. Até que tivemos uma GRANDE sorte em achar o Aroza Hostel (super recomendo), um albergue bem psicodélico localizado no centro de Amsterdam. Estávamos em nove pessoas e tivemos que dividir um quarto com seis camas e um colchão. Mas em compensação tínhamos café da manhã (pãozinho com geléinha, manteiga, leite e coisinhas do tipo) e um banheiro só pra gente! O que já era um luxo para quem chegou sem rumo algum...

faixada do hostel

saguão do hostel "é proibido fumar cigarro, só maconha"

se esse quarto falasse...

Além do café da manhã básico no hostel, tivemos que nos contentar com a promoção do Burger King durante toda a viagem. Um cheeseburger com batata frita e refrigerante por apensas 2 euros! Para que gastar com comida se tínhamos outras coisas para investir o dinheiro, hein?!

Deixamos as coisas no quarto e saímos para dar um 'look around' pela city. Tiramos várias fotos, inclusive perto do rio Amstel. Não, não existe uma ponte específica, e sim, diversas! Então, caso um dia você já se perguntou porque as pessoas adoram tirar foto na 'ponte de Amsterdam' não se iluda, pois não há nenhuma em especial, a cada esquina existe uma dessas onde você pode tirar milhares de registros em um mesmo ângulo.

galerinha reunida na ponte

foto de mamãe...



O mais interessante dentre tantas outras coisas interessantes, é nessas pontes dá para se ver milhares de bicicletas encostadas. O que já é um cartão postal da cidade. Considerado sim o principal meio de transporte, muitas são estacionadas até sem corrente de proteção. O engraçado é ver a galera chegando na balada com uma magrela e ainda com campainha. Ri demais!

magrelinha companheira da galera

A cidade é totalmente diferente do que já vi ou imaginei. Como diria a minha amiga Joellen "totalmente fora da nossa realidade". Fora as coisinhas bonitas de se ver em qualquer cidade turística, há um grande diferencial por lá. A legalização das drogas livre para todo mundo ver. Em todos os andarilhos você encontra os "coffes shops", o que, aparentemente, você acha que é um simples pub, entretanto ao invés de encontrar bebida, encontra-se o famoso cigarrinho do capeta. Alias, em muitos lugares não se aceita nem fumar cigarro, como em qualquer bar decente. A única coisa que pode ser fumada é a tal da marijuana...

"garçom, desce mais uma rodada de maconha ae!"

O estranho foi ver o 'menu' com diversos tipos da erva, desde os mais fracos aos mais fortes - o que leva é a preferência do cliente. E na minha inocência, vi uma lista de milkshakes e perguntei ao atendente qual era o melhor opção dentre aqueles nomes estranhos, ele nem ao menos falou, somente abriu um pote de erva e enfiou na minha cara para eu dar uma 'cheiradinha'. Então, achei que uma garrafinha de água seria mais ideal no momento.

APESAR da água ter descido maravilhosamente bem, decidi provar algumas especiarias 'holandesas'. Um bolinho de chocolate com haxixe, o que eles chamam de 'space cake' (ou 'bolo do espaço'). Bom, pelo nome já dá para se ter uma ideia de que efeito este pedaço tinha. O sabor é o mesmo, mas o efeito... parecia que tinha entrado em uma outra dimensão e não conseguia sair. Foi realmente agoniante. Os sentidos estavam a mil e aparentemente o meu corpo se mexia e eu ficava dentro dele só observando tudo, sem fazer nada. Minha mão estava fria e meu rosto queimando e tudo flutuava pesadamente. Eu enxergava tudo em ondas, como aqueles descanso de tela do Windows. É, papo de zé droguinha mesmo, mas não posso deixar de dar um certo testemunho a vocês. Se virem e entendam a nóia!

E falando em nóia... 

Fiquei de cara com as 'partes baixas' da cidade. Não sei se dá para se chamar do tipo, mas que eu chokay, eu choquei. Diversas mulheres de diferentes tipos e tamanhos em vitrines, esperando a clientela de baixo de uma luz vermelha e a frente de um pequeno quarto. Foi realmente bem engraçado vê-las ali, com minis roupas de baixo com corpos de dar inveja a qualquer um. Enfim... é isso ai, né.

MAS...

Deixando o mundo perdido de lado, em Amsterdam pode-se encontrar fatos históricos sim. Como o museu de Anne Frank. Para quem não sabe, ela foi uma judia que viveu escondida dos nazistas, na década de 40, durante a segunda guerra mundial, no sótão da empresa de seu pai juntamente com a sua família. E durante todo este período ela começou a escrever em seu diário, e depois em papéis soltos, sobre o seu cotidiano e sonhos de ser uma escritora de sucesso. As escritas se tornaram em um dos maiores bests-sellers da história. O lugar é arrepiante mas também cheio de emoção. Fotos, maquetes, cartas, vídeos, entre outros registros que dão para se refletir sobre o sofrimento e a esperança que as pessoas tinham, mesmo naquele estado.


bela
Outra atração mais do que mais imperdível é o museu do meu querido van Gogh. Jamais eu poderia deixar de prestigiar tudo aquilo de perto. Lá pode-se encontrar pinturas do próprio e trabalho de artistas que se inspiraram com a obra deste grande gênio. BUT, fiquei um pouco triste, pois a não encontrei a minha tela favorita, que seria a 'Noite estrelada'. Mas só por ter visto diversos autos-retratos, 'Os comedores de batata', 'Sunflowers', 'O quarto de van Gogh em Arles' e 'Almond blossom', já fiquei feliz demais. Pena que não podia tirar fotos no local, mas os postais já me deixaram com boas lembranças além da memória.

simplesmente fascinante

ÚLTIMO DIA

Domingão rachando na cara. Acordamos no susto às dez horas da manhã para fazer o check-out e não ter que pagar mais uma diária. Tivemos que socar as coisas nos mochilões e descer correndo pelas escadas cabulosas do albergue. Nem o banho deu tempo de tomar, no que resultou 32 horas sem ver uma gota d'água na cabeça e um cheirinho de cebo no cabelo. Apesar da determinada falta de higiene forçada, o dia foi bem proveitoso com muitas fotos e últimas andanças de 'um final de semana perdido' em um ótimo sentido.

Diversas ideias e conceitos mudaram durante a viagem, apesar de aparentemente ser só divertida, os pensamentos foram à outras dimensões também, ou, de certa forma, simplesmente a cabeça abriu mais um pouco. Sim, a vontade da volta e a saudade já está imensa. E que venham mais aventuras por aí! :)

Yes, I am!