terça-feira, 15 de março de 2011

Primeira parada: Venezuela

Viagens, viagens, viagens... Por mim, viveria assim pra sempre. Passando de um lugar para o outro, conhecendo gente, partes diferentes do globo e até ares novos.
Recentemente eu fiz minha primeira (de muitas, assim espero) viagem internacional, juntamente com os meus familiares. E o destino foi: Venezuela.

Sim, o lugar não tem lá uma fama das melhores, começando pelo governo. Mas, apesar de todas as notícias corriqueiras sobre a nação, descobri outro lado da moeda, diferente dos que costumam falar pelas mídias afora.

A CHEGADA

Depois de quase dez horas de viagem, chegamos exaustos em Caracas, a capital venezuelana. A cidade estava cinza e relativamente fria, porém deu para se perceber o ar ‘caliente’ desde que entramos no taxi – que, vamos respeitar, eram totalmente diferente dos ‘carrinhos’ de nada do Brasil. Dentro dos carros o mambo e a salsa tomavam conta das rádios bolivarianas, caracterizando bem o que, eu, pelo menos, pensava da cultura de lá.


Pelas ruas, me veio uma vasta semelhança com o Rio de Janeiro: muita favela em cima de muito morro. Mas pelas simples casinhas via-se muitas cores nas paredes, o que dava uma cara diferenciada, algo um tanto mais ‘alegre’, ao local.

Ruas de Caracas

O hotel em que ficamos era merecidamente cinco estrelas. Vocês podem estar pensando que eu sou rica agora. Não, gente. Lá é tudo absurdamente barato. Um real é o equivalente a três e noventa bolívares. Ou seja, fizemos a festa mesmo! Entrei no quarto encantada. O banheiro? Ah, o banheiro... tinha uma linda banheira com água quentinha me chamando a todas as poucas horas que fiquei hospedada. Porém, só o vaso sanitário que não me familiarizei, por ter vários botões que colocou até minha mãe em apuros.

Vaso complicado...


Dando de descolada no hotel


Foto pensante...


Corredor do 'Iluminado'

COMIDA E BEBIDA

A comida, logo de cara, percebemos que não tinha muito tempero, sendo assim, o sal foi muito usado. Havia uns bolinhos de trigo e milho (igualmente sem sal, porém muito bons) que eles chamam de Arepa. Para quem for lá, não deixem de experimentar. Eles são muito bem servidos quentinhos e com manteiga, esta, uma das melhores que já provei.

Quanto a bebida, serviam uma cerveja que trazia no rótulo um urso polar e que dispunha de um gosto um tanto amargo. Ah, ela se chamava ‘Polar’. Mas eu gostava mesmo era de uma “Mitchelada”, mais conhecida como “Cosmel” pelas bandas daqui. Ou “CDB”, para os mais botequeiros.

Arepa

Mitchelada!

Polar

MIRAMAR HOTEL

No dia seguinte, fomos direto ao aeroporto nacional e partimos para Isla de Margaritas. Para quem não sabe a “Ilha das Margaridas” localiza-se no Mar Caribenho, famoso pelas suas águas azuizinhas e imagens paradisíacas.

Chegamos à cidade de Porlamar, capital do Estado. O ‘ressort’, chamado Miramar Hotel, que havíamos reservado ficava a mais ou menos 40 minutos do aeroporto, ou seja, mais uma ‘viagem’ de carro. Chegando lá foi um sacrifício para toda a família se comunicar com os venezuelanos, pois ninguém sabia falar castelliano, então, lá foi eu treinar um pouco do meu pobre inglês. O interessante nisso é que apesar do país ser relativamente pobre, praticamente todos os que eu me comuniquei dentro desta uma semana falavam inglês muito bem, obrigada. Até as faxineiras (sem querer desmerecer, mas vocês sabem do que falo) entendiam.

Miramar de longe


Miramar de perto

Então, a praia do ressort era linda. Tudo bem que nos dois primeiros dias enfrentamos uma chuva muito chata, daquelas que iam e voltavam do nada. Entretanto, nos demais foram acalorados com muito sol, o que cooperou com a paisagem e com o meu bronze também.

Praia no frio


Praia no calor


As coisas chatas – realmente MUITO chatas – foi que tudo lá havia regras e horários. Por exemplo: não podíamos pegar nem um pouco de batata frita para levar à beira da praia, para comer como petisco. NÃO HAVIA CAMARÃO. Quantos aos horários, somente a partir das 11 horas que eles liberavam as bebidas. Essas dispunham de cerveja e coquetéis, um em especial – que tinha até uma música bem tocada nas rádios de lá – que se chamava Piña Collada. O que isso significa? Abacaxi alguma coisa...

Para acompanhar a bebida, havia apresentações culturais todas as noites no hotel. A primeira foi com uma dança típica da Venezuela, chamada Joropo. Deu para se lembrar um pouco do siriri e cururu cuiabano, por conta das roupas coloridas, das saias rodadas, do ritmo a dois, entre outros. Só o som que eram verdadeiros hinos do país, pelo fato das pessoas cantarem com até muito louvor, reverenciando o país. Muito animado e bonito. Todavia, nos demais dias eu queria morrer. Sabe vergonha alheia? Então, senti muito isso nesses horários.

As apresentações se diferenciavam em temas. Um dia rolou um show de comédia pastelona, outro era dança espanhola (bem aquele “bomboleioooo, bamboleiaaaa”), outro era uma imitação barata de “Grease – Nos tempos de brilhantina”, e assim por diante. O pior de tudo era que sempre depois desse inferno eles chamavam uma galera do público para dançar em cima do palco o “Chiuaua”, o que tive a infelicidade de dançar pra todo mundo ver no primeiro dia. CAPETA DE MÚSICA QUE NÃO SAIU DA MINHA CABEÇA ATÉ O FINAL DESSA VIAGEM!

Dancinha da desgraça...

COMPRAS E MAIS COMPRAS

Uma das partes mais legais foi ir às compras! Fomos ao shopping na cidade fizemos a festa. Muito bom estar em um país com a moeda bem mais desvalorizada que a sua. Apesar da cidade ser pequena, tinha muitas lojas de grife que não se encontra nem em Cuiabá! Como a Victoria Secrets, Kipling, entre outras que desconheço (desculpem, mas não sou muito ligada a marcas. Fiquei um pouco por dentro agora...).

Foto de 'pose que mamãe mandou'

O centro da cidade também havia bastante loja bacana, porém muitas não eram de ‘grife’. Comprei algumas coisas que estarei precisando futuramente a preço de banana. Tem a parte engraçada também em muitas dessas lojas, que são os manequins. A maioria são igualmente trabalhadas dentro do padrão de beleza venezuelano: peitudas, muito peitudas.

Peitólas...

Mudando um pouco o foco, dentro desse pequeno passeio pela cidade vi a rotina porlamariana... Os ônibus pareciam aqueles “School Bus” amarelo, entretanto bem mais desgastados. Eram filas e filas destes sempre bem lotados. O trânsito era até mais infernal do que estamos acostumado, sem muitas sinalizações e regras – diferente daquele ressort dos infernos.

E tem gente reclamando do bus de Cuiabá

TURISMO

Lá pelos últimos dias fomos fazer um passeio turístico pela ilha. Com um jipe branco quase caindo aos pedaços e tendo o Alejandro como guia conhecermos lugares históricos, como o La Galera, uma fortaleza espanhola instalada há 200 anos durante a guerra, além de praias maravilhosas que faziam parte do caribe venezuelano tomaram conta dos meus olhos.

La Galera 'ueba!'

Águas incrivelmente azuis e limpinhas. O triste é saber que toda aquela paisagem tinha pouca estrutura. Como na ‘Playa Punta Arena’, havia um modesto restaurante que não tinha água encanada e energia instalada. Uma vergonha para um país que se orgulha de ser o terceiro maior exportador de petróleo do mundo. Apesar de todos estes ‘contra tempos’, tudo foi muito bom e até encantador, sim.

Praia caribenha

Restaurante sem estrutura, mas bonito

Fomos embora na manhã de um sábado corrido e caloroso. Foram praticamente 24 horas de aeroportos e vôos para chegar de volta à Cuiabá e finalmente deitar na minha caminha saudosa.
Sim, a Venezuela é um país bom para se visitar, mas infelizmente não voltarei tão cedo, pelo menos a passeio. Mas tudo valeu a pena demais, principalmente pela paisagem linda que o país proporcionou. É, a primeira vez a gente não é para se esquecer...

Tchau, Venezuela! Foi bom te conhecer!