quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sereníssima Veneza

Depois de dar suspiros em Viena, eis que me surge uma emoção inexplicável. Sair da estação de trem e se deparar com canais de águas verdes e grandes prédios da idade média cruzando-os é simplesmente maravilhoso. Símbolo do romantismo e dos sonhos de muitas pessoas, digamos que a cidade tem uma personalidade própria, capaz de encantar qualquer um que a visita.

primeira visão que tive...

Confesso que nunca tive maior curiosidade de visita-la. Na verdade, passei por ela com a intenção de somente pegar o voo para Barcelona no dia seguinte. Muitos diziam que a mesma era cara, pequena e até que fedia a peixe. Mas acreditem ou não nas faláceas populares, Veneza é o que há de lindo nesse mundão.

lugar que qualquer paisagem dá uma linda foto




Cheguei extremamente exausta depois de uma viagem de mais ou menos oito horas noturnas dentro de uma cabine sem cama. Acabei conhecendo um homem com cara de italiano, sotaque de italiano e jeito de italiano,  - além de 'cantar com as mãos', como um "tchurupaaa" e apontar dos dedos -, mas tentava me convencer de que era americano (e ainda se achava com isso) com um inglês pior que o meu, ou seja... O cara era bem esquisito. Mas me ajudou muito. Encontrar hospedagem 'barata' em Veneza logo quando chega não é uma coisa fácil, mas tive sorte em achar um albergue bacaninha para dividir o quarto com mais seis meninas.

'rua' do meu hostel

Mesmo acabada, comecei o meu dia de turista, pois só tinha um pouco mais de 24 horas para ver tudo da cidade. Vocês podem achar que um dia é muito pouco, mas para quem quer conhecer os melhores pontos turísticos em Veneza (ou todos até), um dia já basta. A cidade é uma ilha de um lago. Lugar muito pequeno, mas concentrado de muita beleza.

Esqueça tudo o que você conhece sobre urbanismo, vida no campo, na selva, ou qualquer outro estilo desses. Veneza é uma cidade para se esquecer qualquer tipo de rotina. Diferente de tudo que já vi e ouvi na vida, a velha história de que há transportes públicos aquáticos é completamente verdade. Infelizmente não andei em nenhum desses, pois, pela cidade ser muito cara, preferi me prevenir, ainda tinha muito chão pela frente.



Sem barcos, mas com muito pé, caminhei praticamente a cidade inteira, e fui capaz de conhecer bons sorrisos por onde passava. Os italianos de lá, ao contrário de Roma, são bem simpáticos. Te falam 'buongiorno' e te chamam de 'bella' a toda hora, como uma propaganda de margarina, mas do jeito mais romântico. Foi nestes momentos que comecei a me sentir a Elizabeth, de 'Comer, Rezar e Amar', andando pelas ruelinhas estreitas com casas antigas bem altas, deixando praticamente um andarilho do céu à mostra. Toquei as paredes para poder sentir uma energia maior, mas cheguei à conclusão que era impossível, pois tudo já estava no seu ponto ápice.

me sentindo no cinema rs.

A parte 'ruim' do meu passeio é que eu estava em uma época de alta temporada, ou seja, a cidade estava lotada. Em todos os lugares era possível ver grupos e grupos turísticos, alias, haviam muitos brasileiros por lá. Mais uma prova de que nossa nação está dando o troco e invadindo territórios! rs.

Dentre os pontos turísticos de destaque está a Piazza di San Marco, o que dizem ser o coração e a alma de Veneza. Esta sim é uma parada obrigatória. Nada mais é que um lugar com uma igreja, mas com o melhor da arquitetura bizantina, e o Palácio dos Dorges. Sentei perto do canal para admirar o que estava à minha volta. Tirei os sapatos e comecei a molhar os meus pés nas águas verdes. O sol estava ótimo, tanto que me atrevi a deitar e tirar um cochilo por um tempinho naquele lugar maravilhoso.

piazza di san marco

pézinhos

uma das pontes que liga o local
love is in the air
Com mais andanças, descobri que não é preciso de mapa para se localizar, basta seguir em frente. A cidade é cortada por pequenos canais e ruelas e através deles se pode chegar a qualquer ponto. Somente três pontes cruzam o Grande Canal, a Ponte Degli Scalzi, a famosa Ponte di Rialto e a Ponte de l'Accademia. Mas em torno da segunda citada está situado um dos principais trechos comerciais de Veneza, foi lá que comprei meus cartões postais, pois suveniers era uma coisa que estava fora da minha renda.

rialto

Muitos canais, muitas ruelas, muita beleza. Veneza foi um dos lugares que mais me surpreendeu nesta minha passagem pelo velho mundo. Daria tudo para sentir aquela emoção de novo. Só de escrever este texto posso sentir toda a energia boa que aquelas águas puderam me passar. Com certeza vai ser algo que vou contar para sempre com muita emoção.

:)
Próximo destino: Barcelona

terça-feira, 29 de maio de 2012

Nada como Viena

Depois de algum tempo sem internet em casa, eis que estou de volta, pronta para contar mais sobre a minha última jornada no velho mundo.

Minha memória já não está tão fresca como antes, mas tentarei retratar tudo da melhor forma possível. Mas, contar sobre esta cidade não é uma coisa difícil, pois ela é simplesmente encantadora por inteira. Superando até as minhas expectativas, que já não eram pequenas. Senhoras e senhores: Viena!

A beleza vista ao andar pelas ruas largas com imponentes prédios históricos, palácios, museus, calçadas repletas de cafés e restaurantes de boníssimo gosto, faz a décima maior capital europeia e também a terceira melhor em qualidade de vida ser assim, tão encantadora.

Cheguei mais ou menos umas 11 horas da manhã, depois de pegar um trem de Budapeste. Conheci minha nova amiga, Magdalena. Uma austríaca super simpática que cedeu um cantinho de sua casa pra mim. Os dias foram melhores por causa dela!

Turistando...

Logo que deixei minhas coisas, fui logo explorar a cidade que sempre invadiu os meus sonhos desde muito nova. Meu pai é fissurado em Mozart, por isso o meu desejo da viagem não era à toa. Lembro que praticamente todos os finais de semana ele locava o filme "Amadeus" e todo mundo era obrigado a assisti-lo. Para mim, felizmente, sempre foi muito bom acompanha-lo nas sessões semanais. :)

Fomos primeiramente andar pelo coração da cidade, mais conhecida como 'Ring', ou 'anel', para o português. É neste lugar que localiza-se os grandes museus, palácios, largas calçadas e movimento o tempo todo. Fui somente a um museu em Viena, o  Kunsthistorisches Museum, onde se encontra uma boa parte das obras da antiga dinastia. Paguei nove sofridos euros para ver as telas mais encantadoras da região, além das obras de Gustav Klimt. Apesar da dor, valeu muito a pena!

fiquei toda boba

Ainda pelo Ring encontrei o palácio Hofburg, um dos mais importantes da capital. Lá se encontra a sede do poder austríaco, além de museu, biblioteca, escola de equitação, entre outras coisas mais. No mesmo lugar residiu a família nobre européia Habsburgo, uma das mais importantes e influentes na Europa do séc. XIII ao XX.

Logo acima do palácio há um pequeno parque com muitas flores e fontes. Como justo, há uma estatua de Mozart quando jovem. Em todo momento eu só queria que o meu pai estivesse comigo para vibrar junto. Foi emocionante caminhar pelas ruas que o mesmo andou e estar lá, diante de uma homenagem tão simbólica e bonita.

Mozart

has someone else that doesn't know how take photos...

Andando mais ao centro, percebi que havia um rio. Sim, era o Danúbio dando as caras novamente! Não tão encantador como o de Budapeste, mas tão marcante quanto. Águas que deixam saudade.

Olha o Danúbio ai, minha gente!

Mas, mudando um puco de assunto, uma dica para quem quer ir às compras ou até comer alguma coisa, o lugar mais recomendado é a rua Graben. Na verdade um quase 'calçadão', tudo é magnificamente organizado, com restaurantes, cafés e mesas disponíveis ao ar livre. Lindo.

Lojinha do Mozart

Parte da Graben


Parte boa da viagem

Agora a parte que não envolve turismo e sim bebedeira. A Magdalena (minha amiga austríaca) tem um bar-restaurante MUITO bacana no centro de Viena. O Augustin.

Gente bonita e bem animada. Foi lá que toda aquela imagem de austríaco se desmoronou na minha frente. Para quem pensa que este povo é frio e sem conversa, está completamente enganado! Conheci muita gente boa e simpática por lá! Até fiz um romancinho de férias... ENFIM, isso não importa. O bacana é que o lugar tem os melhores pratos típicos, cervejas regionais além de um ambiente magnífico! Basta descer na estação Huglgasse e se delicie!


essa foi a foto melhorzinha...


Finalizando

Foram muitos outros lugares que apreciei em Viena, mas contar em um curto espaço de linhas é impossível. Só digo que foi uma das melhores viagens que já fiz e pretendo voltar o quanto antes! A beleza do lugar me emociona até agora... Deixou muitas saudades.

Próxima parada: Veneza.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Budapeste - A Rainha do Danúbio

Breve introdução

Fiz uma viagem por 12 dias em cinco países diferentes de todas as formas que você puder imaginar (trem, avião, ônibus e até de navio). E o mais legal de tudo é que tive essa experiência sozinha - tirando a companhia do mochilão, do caderninho de anotações e meu velho MP3 que não desgrudo nunca!

Posso dizer que foi uma jornada de com múltiplas experiências e conhecimentos, algo inesperado com muitos planos por trás. Me senti a própria Elizabeth Gilbert, autora do livro "Comer Rezar Amar", que largou família, amigos e emprego para respirar novos ares. Quem sabe um dia eu escrevo sobre essas 'aventuras' em papéis impressos e fico famosa também, hein?!

Enfim, sonhos à parte, vamos ao roteiro. As cidades foram:

- Budapeste (Hungria)
- Viena (Áustria)
- Veneza (Itália)
- Barcelona (Espanha)
- Madrid (Espanha)
- Paris (França)

Vamos ao primeiro destino, então?

Budapeste

Tenho uma certa particularidade com esta cidade. Nos meus primeiros dias em Londres, planejava bastante em visitar muitos lugares, mas este, definitivamente não. Por problemas "pessoais", digamos assim. Porém, nada como o tempo. Posso dizer que foi um lugar "revelador", onde me fez aliviar muitas mágoas, estas que já nem existiam mais. Que bom! :)

Deixando o sentimentalismo 'épico' de lado, vamos ao que interessa. Cheguei em Budapeste pela noite do dia 08 de abril de avião. Fiquei na casa de um amigo, o qual até hoje não sei pronunciar o nome, mas o escrito é Csanak Ba. Comecei a chama-lo de 'Johnny', por via as dúvidas... Era engraçado comunicar com ele, pois o sotaque era algo bem difícil de se entender de primeira, mas com o tempo fui me acostumando. Falar húngaro é algo que está além do alemão para se saber em uma vida. Mas, dizem por aí que é a única língua que o diabo respeita... então, respeito também, haha.

meu amigo húngaro 'Johnny'
Antes de conhece-la, Budapeste me soava romântica e misteriosa. Cidade onde Chico Buarque se inspirou para escrever o livro homônimo, aquela que ele descreve como "amarela". Bom, ainda bem que ele confessou que nunca havia visitado a capital húngara antes, pois, na verdade, vi um misto de cores que se espalhavam pelos muros pichados do local, este, praticamente abandonado em muitos aspectos.

Histórias, impressões e outras coisitas mais...

Fundada inicialmente por romanos, Budapeste é marcada por muitas guerras e reconstruções. Antigamente era considerada duas cidades - do lado direito do rio Danúbio, este que corta a cidade, era Buda e do esquerdo, Peste. Mas, a partir de 1849, estas foram fundidas, se tornado assim, uma só. Dividida apenas em suas classes sociais. Segundo o húngaro, quem vive em Buda, tem um poder aquisitivo melhor de quem vive em Peste. E ainda há até uma certa piada irônica sobre isso.

Mas independente de riquezas e pobrezas, sinceramente a cidade me impressionou de várias formas, tanto negativo quanto positivo. Não sei se estava esperando muito e acabei não vendo nada do que imaginava, ou se era isso mesmo. Em termos de capital européia, ela está bem abaixo na beleza total em comparação às demais cidades que visitei. Caso você queira prestigiar as melhores partes, recomendo que fique somente no centro, perto rio e nada mais.

vidros quebrados

paredes pichadas

letras impronunciáveis

Cuiabá está à frente no transporte, me desculpe.

Ah, antes que me esqueça. Não se assustem com o transporte público e, muito menos, não esperem por algo melhor. Como uma região marcada pelo comunismo, que chegou a ser sangrento na época, muitas coisas 'pararam no tempo'. As vezes parecia que o metrô ia se desmontar a qualquer momento comigo dentro, com tamanho o barulho que fazia ao andar. Mais medonho que isso, só a aparência.

Mas, voltando para a parte central, comece o seu dia tirando belas fotos do parlamento húngaro, este, que pra mim, é o verdadeiro cartão postal da cidade. Construído em estilo gótico com diversas torres e pináculos, um conjunto lindo de se ver. Não muito longe, dá para se prestigiar também o Castelo de Buda (Budavári Palota), com uma grande cúpula esverdeada no topo. Fiquei lembrando da rainha húngara decapitada, a qual matava jovens virgens e em seguida, se banhava com o sangue delas em busca da juventude eterna. Sinistro!

só amor

Entre estas duas atrações turísticas, há diversas pontes que cortam o rio e fazem ligações para unir a cidade com ela mesma. A mais linda que vi (e, coincidentemente, a mais famosa também) é Széchenyi Lánchíd, ou 'ponte das correntes'. Em uma breve caminhada, da para se unir a cidade apreciando o rio Danúbio. Fiquei lembrando da música 'Danúbio Azul', é um tanto brega, mas eu não podia lembrar de outra coisa quando estava de frente ao próprio homenageado.

ponte das correntes

Logo depois de apreciar as belezas nas proximidades do rio, desça para a rua Fortuna Utca. Considerado um dos melhores roteiros de Buda, pois nela se encontra diversos prédios antigos, museus, além de feirinhas espalhadas pelos calçadões vendendo tudo que você puder imaginar, inclusive cervejas caseiras, estas que até me deliciei.

foto turista
cervejinha muito boa!
Quanto a comida, nem se fala. Sou uma verdadeira apaixonada por escaldados e sopas, e é justamente isso que eles mais comem. Infelizmente só provei uma deste tipo, que é o Goulash (ou algo do tipo). Uma sopa de carne (de bezerro, creio eu) e batata com um tempero bem diferente do que estamos acostumados, mas que não deixa de ser delicioso. Recomendo que passem no restaurante de cem anos de idade, chamado Szazéves, perto das feirinhas do Utca. Local chique e bem barato.

chique e vintage

Além de todas as delícias e belezas, Budapeste é bem conhecida pelos banhos termais. Porém, não visitei nenhum. O tempo era curto, juntamente com a grana. Mas, caso você queira dar uma passada por lá para relaxar, os lugares são bem recomendados mundialmente.

É claro que existem outros pontos turísticos, mas não tenho na memória maiores detalhes quanto tenho destes. Mas andar pelos arredores da rainha do danúbio é algo fácil e um tanto prazeroso. Aproveite a paisagem e ignore o ar urbano demais.

Cidade que vai ficar na minha história por um longo tempo. Apesar dos vidros quebrados, das paredes rabiscadas e do transporte que parou nos anos 70, Budapeste teve sim sua particularidade comigo. Não irei esquecer das montanhas arborizadas e tranquilas espalhadas aos arredores da cidade, esta que foi muitas e acabou se tornando uma só - algo que descreve bem os meus sentimentos passados com atual. Acho que estamos finalmente perdoados, estamos sim.