segunda-feira, 8 de julho de 2013

Primavera de 2013 - O dia em que o 'gigante acordou'

“Apesar de chamar atenção em vários dos meus comentários, procuro não polemizar demais, de verdade. Muitas vezes me dá preguiça de discutir e defender minha opinião. Não por arrogância, longe de mim. Mas é que é muito complicado discutir com quem só se baseia em argumentos supérfluos, repetidos por bocas malditas que não deveriam nem ter o trabalho de serem abertas”

Deixando estas observações de lado, mas com um grande destaque, quero deixar um pouco registrado o que presenciei nesta primavera de 2013, mais precisamente em meados do mês de junho. Época em que o “gigante acordou” e o povo finalmente desabafou o grito entalado na garganta, que só se ouvia nos becos mais escuros da tão falada e sonhada ‘democracia’.



Como alguns sabem, estou morando em Porto Alegre. Depois destes acontecimentos, percebi que nada nesse mundo é por acaso. Acho que deveria estar onde estou. Não desmerecendo minha Cuiabá, que soube representar muito bem o grito surdo que todos mereciam. Mas é que o sul do Brasil é fruto de muitas lutas e de seres emblemáticos, que bem ou mal, ajudaram a escrever a história do país de uma forma mais marcante.



Aqui em PoA, a onda de protestos se resumiu entre segundas e quintas-feiras do mês. Muitas vezes enfrentamos chuvas, frio, ventos fortes, mas nada desanimava o povo gaúcho de seguir a caminhada, gritando forte a sua ânsia do repúdio à política e ao sistema instalado no Brasil.

O diferencial de Porto Alegre é que a luta segue desde março deste ano, quando o atual prefeito José Fortunati deliberou aumentar o preço das passagens de R$2,85 para R$3,20. Centavos que fazem muita diferença no bolso de grande parte dos trabalhadores. Digo isso por mim, que nos primeiros meses vi o que é a dor de ser uma proletariada que planeja todo o salário somente para pagar as contas, sem pensar e nem ao menos pronunciar a palavra ‘luxo’ nessa vida.

O grito da população se multiplicou após os protestos pelo mesmo motivo em São Paulo, quando muitos jornalistas e manifestantes foram alvos intolerantes da polícia, que espalhou gases de efeito moral, balas de borracha e sprays de pimenta contra aqueles que lutavam, possivelmente, pela qualidade de vida dos parentes de quem se propôs a violência daquela forma.



Os protestos foram além da melhoria do transporte público da maior cidade da América Latina, que não lutavam ‘apenas pelos R$0,20 (vinte centavos)’. Os gritos se resumiam em um conjunto de problemas fatais que o país estava passando no momento, como a PEC 37, uma emenda constitucional na qual dava impunidade a todos os políticos acusados de corrupção. O pedido de renuncia do atual presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, pastor Marco Feliciano (PSC) – que, diga-se de passagem, um dos fatos mais contraditórios na política brasileira. O fim dos desvios de dinheiro público, feitos durante as obras da tão esperada Copa do Mundo de 2014. Entre outros tantos fatos que estremeceram a ira mais profunda do povo brasileiro.



Fui em praticamente todos os protestos de Porto Alegre e participei de assembleias que discutiam os temas acima com mais fervor. Enfrentei as dificuldades do tempo, as longas caminhadas, os gases lacrimogênio – estes que invadiram todo o meu ser, uma vez -, bombas, tiros, momentos perdidos e aflitos, etc, etc , etc. Apesar de tudo isso, a luta foi muito válida. Foi lindo ver o povo reunido, lutando juntos por uma causa nobre. Sentindo orgulho por serem o que são não por um futebol, que se passava nos televisores de todo mundo simultaneamente com os atos históricos nas ruas. Mas por se assumirem e honrarem a bandeira que tem e lutarem por um país mais justo e fazerem jus às riquezas que produz.





Esse é um Brasil que sonhei desde que me entendo por gente e comecei a estudar História na escola. E assim vamos escrever um novo fim nessas linhas infinitas, demarcadas por muita dor e injustiças, mas também definidas por muitas glórias e vitórias, conquistada com muito suor e sangue por quem anseia por um país melhor. Que assim seja sempre!

Fotos: Simone Ishizuka

domingo, 9 de junho de 2013

Carnaval em Olinda 2013 - "Casa da Brodagem"

Voltando à linha do tempo de viagens, uma das que mais me diverti em toda minha vida. Também pudera, era época de Carnaval! Impossível não sentir ao menos uma adrenalina forte no corpo. Ainda mais quando se passa em Olinda, cidade do Estado de Pernambuco, do meu querido e amado Brasil.

Tudo bem que já se passaram quatro meses desde que desci aquelas ladeiras efervescentes, lotadas de cores, confetes, música e alegria. Segundo os tempos primórdios, o Carnaval é uma época que se comemora a carne, a perdição. Concordo plenamente, e confesso que é um dos períodos mais libertadores que há, pois não precisamos seguir padrões estabelecidos por qualquer religião ou costume. As pessoas apenas se ‘montam’ e soltam os ‘demônios’ presos no corpo.

Mas sem mais demagogias e blas blas blas. O carnaval foi ótimo! Ainda mais porque pude dividi-lo com queridas amigas de Londres, a Natália Coimbra (vulgo ‘together’) e Lorena Aragão. Tudo lindo!

Chegada, Casa da Brodagem, bem servida!

Cheguei na noite de sexta-feira, dia 08 de fevereiro de 2013. Já tinham se passado quase dois dias de festas, perdidas por falta de previsão do futuro – na época da compra das passagens, estava trabalhando em dois empregos, mal sabia que iria me desligar de ambos neste período. Mas enfim, estava lá preparada para o que pudesse vir!

Ficamos na “Casa da Brodagem”. Uma casa de cor azul, com fitinhas coloridas na janela, localizada nas próprias ladeiras de Olinda. Acho que ela tinha ao menos uns 200 anos, pois até os tijolos eram feitos de barro artesanal da época. Ela era de uma arquitetura bem particular, com um longo corredor, dividido pelos quartos, cozinha e banheiro. Ao fundo, mais  uma longa área com árvores, quase da mesma extensão que a casa, com um maravilhoso chuveiro – que quebrou muito o galho da galera em muitas horas.

Eterna!
prontas para arrasar! hehe

Duas pessoas cuidavam de todos os afazeres da ‘Casa da Bordagem’. A querida Rose cuidava de toda logística de limpeza e comida (e que comida! Digamos de passagem), e o “Gordo” (não sei o nome real dele rsrs) fez a parte da segurança.  Havia mais de 20 pessoas hospedadas no local, cada uma de uma parte diferente do Brasil, além de ter uma italiana e um chileno na lista. Todos dormindo praticamente em cima um do outro. Mas apesar disso, foi tudo tranquilo e na santa paz!

Manguebeat, um pouco de cultura, perdi

Logo que cheguei, muitos estavam sujos de lama por conta da festa do Manguebeat que rolou na parte da tarde. Foram várias bandas de maracatu tocar e todos se sujaram com a lama em homenagem aos manguezais pernambucanos. Este foi uma das coisas que mais lamentei em perder.

perdi em me sujar!

Como muitos sabem, o Manguebeat é um movimento de contracultura criado que mistura ritmos musicais regionais como o maracatu, rock, hip hop e música eletrônica, e tem como frente bandas como do eterno Chico Science e Nação Zumbi, além de Mundo Livre S/A, Sheik Tosado, Mestre Ambrósio, entre outros. O que me restou foram somente fotos da diversão e nada mais. Bom, deixa para o próximo carnaval, né?

Segundo dia, doce moreninha cuiabana, bodei

Mas no meu segundo dia eu me garanti – dependendo do ponto de vista. Acordamos logo cedo, umas 8h da manhã – também pudera, quem não acordaria com o som dos trombones, cornetas e gritarias que vinham da rua, além de ter que me acomodar em um colchonete mais fino que meu dedo, ventilador no calor e um quarto com vinte pessoas? É... Mas este é o espírito!

Tomei um belo banho, me maquiei lindamente, vesti minha fantasia de ‘cuiabaninha’ que minha querida mãe confeccionou e subi as ladeiras. E cá entre nós, que subidas! Fomos direto ver o bloco “Sala de justiça”. Ficamos durante horas esperando de baixo do sol escaldante os cinco minutos de apresentação, no qual um ‘homem-aranha’ e um ‘bandido’ com uma metralhadora descem o prédio fazendo performances. Nada de diferente, nada de impressionante. No entanto, a criatividade estava em todas as esquinas de Olinda. Fantasias de diversos temas tomavam conta das ladeiras. Aproveitamos isso para tirarmos muitas fotos.

bloco 'sala da justiça'

doce moreninha cuiabana

sika e lorena

lindos foleões

wilsooooon

cade as gactas?

um beijinho no Fred

participação especial dos smurfs
aaah, o verão...

êta ladeira que castigou!
O sol estava escaldante, e eu, como novata, bebia minhas latinhas de cerveja sem me preocupar com o resto. Afinal, é carnaval, não é? Então... me compliquei. Cheguei em casa e me capotei no colchonete. Não conseguia erguer a cabeça de tanta desidratação. E para piorar, quando estava me arrumando pela manhã, passei protetor solar encobrindo uma blusa com manguinhas. Pensando no calor, resolvi troca-la por uma mais decotada. Porém, a esperta aqui esqueceu de passar o bendito protetor no decote, ou seja, fiquei marcada do colar, da blusa e de tudo – estas que se fazem presentes até hoje no meu corpo. Mas tudo bem, como disse: esse é o espírito! L

#chateada com a desidratação

receeeba


Mas a noite se garantiu. Apesar de eu estar acabada, com as pernas doendo e de ressaca, curti muito os shows em Recife antigo, no Marco Zero, como Zeca Baleiro, Otto, Armandinho, Elba Ramalho e muuuitos outros. Foi ótimo!

Terceiro dia, de cara, ressaca, Samba no mijo...

Este foi um dia ‘de cara’. Pelos traumas do anterior, resolvi beber muita água ao invés de álcool, porém, como boa bebedora que sou, não aproveitei do jeito que gosto. Mas deu para dar umas risadas.

Engraçado é que, apesar de não ter bebido, este é um dia que me lembro pouco. Mesmo vendo as fotos e tudo mais. Cheguei a conclusão que não foi tão bom quanto os outros, mas deu para se divertir. Lembro que fomos na parte de cima de Olinda e vimos muitos blocos passando por ali.

palhacinhas


Mas apesar de estar totalmente sóbria, tem o lado bom disso tudo. Não sei como começou, mas várias marchinhas foram criadas entre os nossos 'bródis' da casa. Como o "samba no mijo" (música que ficou durante dias na minha cabeça, confesso), e 'quem não tem pó, cheira loló", uma paródia de um instrumental clássico regional de Pernambuco. Enfim... doideras da cabeça de quem estava por lá.

Mais a noite fomos nas proximidades do Marco Zero para ver as manifestações religiosas ao som do Maracatu de raiz. As pessoas cantavam músicas em alguma língua africana com maior fervor. Houve também desfiles de pequenos grupos trajados com roupas do século XVIII pra menos, na época dos senhores de engenho ao lado da escravidão. A energia estava a mil de positividade! Foi muito bom poder presenciar a manifestação de uma cultura totalmente diferente da minha. Dançamos sem parar!

totalmente diferente do maracatu que conhecia

um pequeno registro

maracatu bom demais!
Quarto dia, bonecões, destruição

Pensando em ficar mais ‘alegre’, decidi adotar outros artifícios. Tive sucesso, mas as pessoas ficaram olhando para mim assustadas, pois não parava de rir um segundo. Mas aguentei o dia todo!

Vimos diversos blocos, que iam de marchinhas a maracatus. Cada bloco era puxada pela porta-bandeira, bandinha e os foliões. Como nos outros dias, víamos eles passar ou acompanhávamos por algumas quadras.
A Lorena sempre ficava atrás de mim, me cuidando, para caso de eu não fazer qualquer besteira por conta das loucuras de minha cabeça. Dei trabalho, mas me diverti! Hehe.

antes da folia começar
Bom, blocos vão, blocos vêm, mas e os bonecões? Cadê aqueles emblemáticos Bonecões de Olinda que via na televisão? Bom, amigos, quando menos esperei, eles apareceram. Juro... foi uma das coisas mais lindas que vi na vida! Eles são enormes e majestosos, de se encher os olhos. Fiquei parada durante algum tempo apreciando tudo aquilo. Meu coração quase explodiu de alegria.

lindos!

só alegria!

nossa, tava muito feliz nessa hora...
esse é o espírito!

oh, dó!
Logo depois fomos ver o bloco ‘Eu Acho é Pouco’, um dos maiores do Carnaval em Olinda. Foi um mar de gente que jamais pude imaginar tantas pessoas em um lugar só. Dançamos enlouquecidamente até não aguentarmos mais. Decidi ir um pouco mais cedo para casa e recarregar as energias para Recife. Mas revigorada com toda adrenalina da tarde.

E, para fechar com chave de ouro o Carnaval de 2013, meu ‘lindo’ Caetano Veloso. O show foi voz e violão, mas tão emocionante quanto uma banda inteira junta. Maravilhoso.

Adeus, até 2014

No dia do adeus, subimos pela última vez a ladeira de Olinda, mas desta vez para comermos as famosas tapiocas. Tiramos algumas fotos e demos um último abraço.

os sobreviventes
Foi uma das melhores comemorações que tive. Apesar de todo cansaço e da falta de experiência com o pique de carnaval, pretendo ir mais vezes e sentir toda aquela energia novamente.

Pessoas lindas, que mesmo sendo passageiras, ficam na boa memória de uma viajante. Percebi que esse Brasilzão tem muito a nos oferecer de belezas e suas grandes particularidades. Temos o privilégio de sermos o que somos e muitas vezes deixamos passar, como se fosse um detalhe insignificante. O que de fato não é. Mas mesmo assim, nessas horas de descoberta, nestes milhares de quilômetros que percorro, que lembro das lindas palavras musicais de Gonzaguinha e Luiz Gonzaga nos deixou: “Minha vida é andar por este país, para ver se um dia descanso feliz...”.

valeu, brodagem!

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Vídeos de Buenos Aires

Um parêntese...

Queridos, andei vendo minhas postagens antigas e percebi que muitas pessoas fazem perguntas nos comentários, nos quais estão sem respostas. Desculpeeem!
É que, como vocês podem perceber, eu mal ando postando e muito menos vendo os comentários.
Vamos fazer assim, me mandem um e-mail no meu endereço pessoal que respondo a todos! Pode ser? Fechado! rs
Vai o end: sika.ishi@gmail.com - não mandem vírus! rsrs

Voltando!

Aqui vão alguns vídeos que eu e a Tai gravamos. Sinta um pouco de Buenos Aires no ar... :)

Chula gaúcha que é argentina




O melhor e mais sensual Tango que já vi!



Mais um!





quarta-feira, 27 de março de 2013

Por una cabeza.. - Argentina, Buenos Aires


Em meio à região dos pampas se encontra Buenos Aires, a terra do Tango que muitos ‘gringos’ acham ser a capital do Brasil – falo muito sério. Mas deixando informações históricas de lado, posso dizer com o coração aberto que esta cidade me conquistou de todas as formas. Jamais imaginei que encontraria tudo que mais gosto num só lugar – a arquitetura europeia com o calor latino.

carlos gardel - a voz da argentina

Eu e uma amiga, a Taiane, chegamos de ônibus na rodoviária Retiro. Depois de quase 18 horas de viagem de Porto Alegre (onde estou morando agora, mas isso é uma outra história) através do FlechaBus. Super confortável, com direito até a uma bandejinha de lanches – coisa que nem o avião da Gol oferece!

Nossa primeira impressão foi o transporte público, como o metrô, um dos mais antigos do mundo. E bota antigo nisso! Pelas condições, acho que nunca recebeu uma reforma depois de pronto. Porém, a passagem era bem barata, apenas $2,50. E como o real vale $3 pesos, deu para esbanjar não só com isso, mas com muitas outras coisas.

Ficamos no hostel Terrazas Estoril e dividimos o quarto de seis pessoas. Apesar do australiano (temos problemas com esta nacionalidade) fedido que estava dormindo na mesma beliche que eu, o lugar é bem limpo e organizado. Ele se localiza do alto de um prédio na Av. de Mayo, uma das principais de Buenos Aires. De lá dá para se ter uma boa visão da cidade e também, sem contar no preço que é bem em conta!

 Primeiros passos, tempo, roupas e churrasco

O dia estava ensolarado com um vento gostoso – nada do que pesquisei na previsão do tempo do Google. O traidor (e também a Nataly!) me fez trazer muitas roupas de inverno, inclusive botas e um casacão que usava em dias quase intensos. Sorte que tinha um micro short, próprio para usar com meias, mas que me quebrou o galho até então.


Rua próxima ao hostel

Demos um ‘look around’ rápido pelas redondezas. Visitamos o obelisco, andamos pela Av. 9 de Julio e tiramos algumas fotinhas sem maiores produções. O lugar onde estávamos era bem no centrão, lugar onde tudo e mais um pouco aconteceu. Os prédios, as calçadas e os monumentos escreviam em partes a construção da ‘Europa na América Latina’. Simplesmente encantador!

Vista do saguão do hostel

Uma salinha qualquer no saguão do hostel
Av. 9 de Julio com a imagem da Evita em destaque

Depois desta pequena caminhada, voltamos para o hostel. À noite eles ofereceram churrasco típico de lá, com ‘chorizo’, que seria um pão com carne. A comida é boa, mas nada se compara ao brasileiro – claro!

Conhecemos algumas pessoas de várias partes do país, como americanos, escoceses, alemães, entre outros. O bom disso é que pude desenferrujar meu inglês, que já estava em desuso há tempos.
A noite acabou forrada de cerveja Quilmes e depois com a minha bela e deliciosa Guinnes, em um pub Irish que tinha ao lado. Tudo bem divertido!

Ressaca, tour, tango, mais roupas e micos

Apesar da ressaca, acordamos cedo para aproveitar o café da manhã. Uma coisa simples, com ‘meia luna’ (uma espécia de croassant doce), suco, manteiga e geléia. Tudo certo, se não fosse oferecido todos os santos dias. Mas ok!

Um guia turístico passou para oferecer uma caminhada grátis pela cidade. Topamos na hora e fizemos o mesmo trajeto que antes, mas com direito a informações extras. Foi tudo bem interessante, pois percebi que a população argentina faz questão de lembrar até pessoas que não tiveram grande destaque nas revoluções, mas que fizeram parte de tais acontecimentos históricos.

Visitamos a catedral onde o atual Papa Frascisco rezou por muitas vezes. O engraçado é que o lugar se parece com tudo – um teatro, uma faculdade ou até uma loja de departamentos de luxo, mas nunca uma catedral. E falando no pontífice, sim! Tinha muitos cartazes, revistas, outdoors, etc, etc, etc, em homenagem a ele. Mas como disse minha querida presidenta Dilma, ‘o papa é argentino, mas deus é brasileiro’ ;)

Catedral que parece com tudo, menos com uma catedral

No interior do antigo lugar onde o papa rezava missas
Olha o papa ai, gente!

Depois de andar por alguns lugares, paramos na Casa Rosada, que fica ao lado da Catedral. Lá é o Palácio do Governo, onde também é local de diversos protestos – inclusive, neste mesmo dia vi uns dois pelas ruas. Depois das histórias, a partir de lá a caminhada seria paga. E para quem ficar na dúvida quando tiver na mesma situação, o meu conselho é que pague os 30 reais que seja, pois vale muito a pena. Conhecemos boa parte da história nos lugares reais, onde tudo aconteceu. Foi ótimo!

casa rosada


Fomos no museu onde funcionava o ‘escritório’ de Eva Perón. Lá se encontra diversos recortes de jornais, revistas, livros, entre outras coisas. O lugar pode não ter muitas coisas, mas dá para sentir um pouco da energia do passado e de como esta mulher, ao lado do marido presidente, mobilizou multidões em busca de mais igualdade social no país. Apesar das controvérsias que existiam na minha cabeça, vi que em meio às circunstâncias, o peronismo foi de extrema importância para a economia politica da Argentina. Não é a toa que até hoje eles usam esta vertente como referência, antes de eleger alguém para representa-los nos próximos anos.

recortes de jornais da época

sede do partido peronista. Eu fui e participei! rs

Visitamos os lugares onde imigrantes de várias nacionalidades europeias se instalaram depois da primeira guerra mundial. Os lugares eram tipo cortiços, que atualmente funcionam feirinhas de quinquilharias e artesanatos. Tudo ok, até descobrirmos que foi onde o tango nasceu, através de diversas culturas, movimentos e nacionalidades. Curioso saber que aqueles passos milimétricamente dados foram inventados de um tudo para se tornar tão perfeitos e cativantes.

Sentindo o tango no ar

detalhe da pia de azulejos

No final, fomos a um barzinho localizado não muito longe de lá. Tomamos algumas canecas de cerveja e comemos um big lanche por poucos pesos. Além disso, houve uma apresentação de tango com um casal que estava dançando na praça, em frente ao bar. Fiquei impressionada com os movimentos e até gravei um trechinho para publicar aqui. Só sei que no final fiquei toda apaixonada pelo dançarino <3 p="">

Ele sorriu pra mim!

Galerinha do tour!
rapaz tomando um sol

Moço vendendo coisinhas na pracinha
Depois de tudo, fomos convidadas pelo guia para um lugar com vinho, comidas típicas argentinas e tango. Fiquei bem empolgada, pois estava doida para uma noite típica! Depois que chegamos no hostel, me produzi com direito a muito luxo. Coloquei um vestido preto, com uma meia-calça da mesma cor, além de um lenço de oncinha para completar o meu visu de ‘noite em um restaurante chique’. Mas para o meu desespero, quando chegamos, vimos que o lugar era uma escolinha de espanhol com grupinhos de alunos de várias nacionalidades, vestidos praticamente com roupas de casa, churrasco, vinho barato e voz com violão. Queria morrer...

Mas apesar do mico, conheci pessoas legais e me distrai com a apresentação. Depois desta reuniãozinha, ganhamos uma ‘entrada’, que até então era grátis, para uma casa de música latina. Apesar de não gostar muito do estilo, decidi ir pelas pessoas. Chegando lá, vimos que o ‘passe-livre’ custava $30 pesos que não tínhamos. Tivemos que ir embora sem dar tchau para ninguém e decepcionadas com a noite. Mas valeu!

ainda bem que meu modelito luxo não aparece tanto nesta foto...


Ricolleta, flores, lojas e Nataly

O dia foi especial com a Nataly! Depois de alguns meses sem vê-la, o encontro foi muito bom, obrigada! Tudo com direito a papos insanos e muitas risadas.

caminhadinha!

Demos uma andada pela região Ricolleta. Lá sim tem muitas roupas bacanas, diferente das outras partes que só oferecem ‘moda Machu Picchu’ nas lojas. Porém, como já estávamos quase no final da viagem, achei que seria desperdício me preocupar com isso. Tive que me virar com as roupas que trouxe na mala mesmo.

Passamos o dia no parque Rosedal. Apesar de estarmos no outono, deu para tirar algumas fotinhas com flores em volta. Tudo tranquilo e sereno.

flores!

lago do parque

À noite decidimos ir a um barzinho nas redondezas. Tomamos cerveja através de um pote de suco. Delicioso! Mas a noite foi um pouco parada, só com mesa, boa música e papos. Nada demais.

Caminito, Cores, Al Pacino, mais tango e Guillermo

Mais um dia de caminhada, com a diferença de que havia multidões nas ruas. O dia era histórico, no qual comemorava 37 anos do fim do golpe militar. Interessante ver o quanto a população argentina é realmente envolvida com a política no país.

Protestos pelas principais ruas de Buenos Aires
da janela do hostel. Manifestações a cada esquina
As passeatas foram regadas com muita música, bandeiras, gritos e protestos. Foi lindo ver a mobilização do povo numa data tão importante, em memória dos que morreram pela pátria. Sim, nós brasileiros deveríamos aprender mais com os hermanos.

Apesar das passeatas, decidimos completar nossa rota turística. Sem querer desmerece-los, mas tínhamos pouco tempo para pesquisar quais frentes acompanhar e também de conhecer tudo que estava acontecendo em poucas horas. Tivemos que ir de acordo com o roteiro, que dava de encontro com o Caminito.

Agora sim descobri porque o antigo barzinho de Cuiabá se chamava Caminito. O lugar é uma região pobre de Buenos Aires, mas que possui muita beleza, cultura e cores pelas ruas. Apesar dos cuidados que tivemos que ter, tudo foi muito tranquilo e gostoso.

Numa esquina do Caminito

Tango!
Comemos em um restaurante ótimo, recepcionadas por um garçom que era a cara do Al Pacino, protagonista do filme Perfume de Mulher – no qual o ator faz a famosa cena de tango, só para informar.
Ficamos ao som de tango, tocado e cantado por músicos velhinhos e também com a apresentação de um casal. Apesar de não terem o mesmo envolvimento e drama que o outro, foi bom. Até tirei algumas fotinhas com o dançarino, fazendo poses bem sensuais haha.

sensualizando

al pacino em buenos aires!
Satisfeitas, fomos andar pela feirinha para comprar algumas coisas. Parei em uma banquinha de desenhos, todos retratando a cultura argentina em guache. O artista veio e se apresentou como Guillermo Alio, um ‘múltiplo’ que dançava tango e pintava com os pés ao mesmo tempo. Ele nos apresentou o ateliê dele, todo cheio de desenhos, tintas e muita arte.

Tive o prazer de conhecer um pouco mais sobre o trabalho dele pelo mundo através de recortes de revistas, nos quais mostram ele nos EUA e na Europa, divulgando sua arte que envolve o tango e muitas tintas. Comprei uma figura de Carlos Gardel, no qual ele fez uma homenagem desenhando os traços do cantor com animais, que descrevem um pouco sobre a carreira deste importante poeta argentino. No final, ele fez uma dedicatória, desenhando um casal dançando tango com o meu nome. Lindo!

Guillermo Lalio com o quadro que fez em homenagem a Vinícius de Moraes

toda honra e prazer de dar alguns paços desengonçados com ele!

E também, como não poderia perder, tiramos fotos dançando tango. Só que agora, com mais estilo, nas mãos de um verdadeiro artista! Foi um prazer!

Após este passeio maravilhoso, voltamos ao hostel e encontramos nosso amigo alemão Max. Em meio ao protesto, que já estava mais enfraquecido por conta do horário, fomos a uma churrascaria comer algo. Lugar onde a Tai percebeu o quanto a cultura argentina se encontra com a gaúcha. É como se estivéssemos no Rio Grande, mas com as pessoas falando outra língua. Curioso.

No final de um longo dia, bebemos algumas cervejas com um amigo argentino e batemos papo pelo hostel mesmo. Sem maiores ânimos de sair. Fomos dormir às 6 da manhã, sem perceber que no outro dia seria logo.

Hasta Luego!

Acordamos como doidas, para fazer o Check  Out, comer e ir direto para a rodoviária. Nem deu tempo de pensar que aquele era o último dia de uma jornada maravilhosa, cheia de saudades e de gostinho de quero mais.

Além de conhecer um belo lugar, pude matar a saudade dos meus dias na Europa, andando de hostel em hostel, conhecendo pessoas de diversas partes do mundo e trocando diferentes ideas, conquistando cada espaço por onde passei. Bom saber que este sonho não acabou e que ele mora bem ao meu lado, sempre!

free as a bird

Novo gás e novo ânimo! Que venham os próximos dias! ;)