Barcelona é uma das típicas cidades que já estava no meu roteiro de viagens
a long long time ago, sem contar que já até pensei em deixar Londres algumas semanas antes do previsto para passar uma longa temporada por lá. Sim, minha gente, este é um tipo de lugar que todos gostariam de estar, talvez pelo clima, pelas pessoas, as calçadas, o mar, a comida, enfim, a beleza em geral estampada à cada esquina do lugar.
Acho que minha vontade definitivamente cresceu depois que assisti ao filme do Woody Allen, Vicky Cristina Barcelona. Que conta a história de duas amigas de personalidades diferentes visitando a capital mundial da arquitetura, descobrindo gostos e amores que só esta cidade pode oferecer.
Um lugar diferente,onde se caminha com prazer pelas ruas, e consegue fazer a gente se sentir em casa e ao mesmo tempo nos lembra que estamos em terras estrangeiras. E para completar a unanimidade, esta ainda se dá ao luxo de possuir um idioma próprio, só falado nesta região. Um pequeno e importante detalhe a mais, e que contribui para tornar ainda maior a magia da capital Catalã.
Andanças, turismo, bonitezas
Saindo do aeroporto com roupas de frio, tive que praticamente me 'despir', pois o sol estava d'aquele jeito que só o verão conhece. Peguei o ônibus direto para a parte central da cidade. Meu albergue ficava nas redondezas de Las Ramblas, uma avenida considerada o verdadeiro cartão de visita da cidade. Com 1,2 km de extensão, com largo canteiro central e estreitas pistas de trânsito de cada lado faz a recepção aos turistas recém chegados com restaurantes, lojas, dormitórios, e claro, muita gente bonita.
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prédio em Las Ramblas |
Apesar do lugar ser delicioso para comer uma bela de uma Paella (comida típica espanhola), recomendo que vá em outro lugares há pouca distancia com preços mais em conta e pratos bem mais servidos. Se bem que o charme de sentar nas mesinhas da avenida é tentador, mas a dica já está dada!
Não muito longe também está a praia mais famosa, a Barceloneta. Infelizmente o tempo não estava bom no dia que fui. O céu por vezes tinha sol, outras muitas nuvens, mas o vento era presente constantemente. Não gosto muito de mar. Sinceramente, nunca entro nas águas. Somente fico ali, na areia, tomando uma cervejinha e comendo alguns petiscos, que no caso, foram 'tapas'.
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sika, lara and bobby |
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animação com frio e praia |
Andando mais pelas ruas catalãs, pode-se encontrar tudo de mais lindo na arquitetura. As casas em geral tem detalhes únicos, que mesclam a beleza do moderno com o antigo. Em Barcelona, os moradores aparentemente aproveitam qualquer objeto para fazer algo criativo nas moradias. É simplesmente lindo.
Fiz um d'aqueles 'walking tour', ou 'passeio à pé', com uma guia turística (sempre em hotéis e albergues em geral oferecem este tipo de serviço gratuitamente). A menina, que diga-se de passagem "muito louca", falava inglês com sotaque espanhol e catalão disparadamente. Mas pude entender muita coisa. Vou contar o que me lembro até então.
Andamos pelo Barrio Gótico. Parte mais antiga da cidade, construída há séculos por romanos, onde deu origem ao centro geográfico à Barcelona. Lá pode-se encontrar a Catedral Basílica, uma das atrações turísticas mais bonitas pelas redondezas. Uma curiosidade que poucos sabem, é que logo à frente deste ponto há desenhos feitos por Picasso. Não me lembro o nome da obra, mas vale à pena alguns cliques.
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bonito |
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picasso! |
Mais à diante, encontra-se a Igreja Santa Maria del Mar, que, segundo a guia, sua faixada serviu de abrigo para muitos trabalhadores que não tinham moradia. Mas em uma bela manhã, a janela de vidros caiu sobre as pessoas que estavam presentes no local por conta de uma forte rajada de ar. O rei, muito bondoso, 'autorizou' que os 'moradores' pudessem recolocar a peça no local, voltando, assim, a ser o que era antes: Ricos frequentando a 'casa de deus' e pobres morando sobre cacos de vidro. Caridoso o rei, não?!
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santa maria del mar |
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interior |
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foram uns três litros, juro! (foto em frente à igreja) |
Existem muitos outros lugares para se visitar no Barrio Gótico, como 'Plaza Reial' e seu conjunto arquitetônico, 'Plaça de Sant Jaume' e os prédios do 'Palau de la Generalitat' além do 'Palau Reial'. Visite também a antiga Sinagoga, a 'Paróquia de Santa Maria del Pi' e também 'Basilica de la Mercè'. Enfim, apesar de tudo ser fascinante, o que muitos querem ver são as obras de Antoni Galdí. Este sim, foi um gênio da arquitetura.
Um dos símbolos 'more' de Barcelona é a Sagrada Família. Não ir à esta exuberante catedral é o mesmo de estar em Paris e não visitar a Torre Eiffel, ou vir para Londres e deixar o Big Ben de lado. A construção deste templo teve início em 1882 e ainda hoje não foi concluída. Obra mais famosa do arquiteto catalão Antoni Gaudí (1852-1926), ela é também sua criação mais polêmica. Quando Gaudí faleceu, somente uma parcela deste projeto estava concluída, e o mesmo foi continuado através de um grupo de arquitetos. A guerra civil espanhola também contribuiu para paralisar as obras por mais de dez anos. Ainda hoje permanecem muitas polêmicas a respeito dos idéias e propostas que teriam norteado o projeto de Gaudí, e a fidelidade às mesmas dos artistas que deram continuidade à obra.
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Sagrada Família e guindaste |
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sika na sagrada familia |
Ao chegar, é triste ver grandiosos guindastes em torno das torres da catedral. Não se sabe ao certo quando as obras serão concluídas, mas estimativas indicam que algo em torno de 2026... É, estamos aí para ver este dia chegar!
Finalizando minhas andanças turísticas, para quem quiser curtir mais obras de Gaudí, pode-se conferir muitas delas na avenida 'Passeig de Gràcia'. Mas para quem quer algo grandioso, além da Sagrada Família, visite o Parque Guell. Um pouco distante das redondezas do Las Ramblas, o lugar é simplesmente magnífico. Com formas e cores misturados em mosaicos, salamandras e dragões multi-coloridos, além de pilares retorcidos banhados de muita criatividade e magia. Ótimo para bons registros que vão além da fotografia. Maravilhoso.
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turista |
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cores |
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formas |
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encantador |
Social, bebedeiras, multi-cultura
Dividi o quarto com uma chinesa, uma americana, dois gregos e quatro húngaras (estas, que diga-se de passagem, não se importavam com a presença masculina no local). Foi bem divertido, pois estava 'forever alone' na cidade e acabei fazendo amizades rapidamente.
No saguão conheci um casal de primos canadenses que logo me chamaram para jogar cartas e oferecer bebidas baratas. Matina, 'que é igual a bebida, mas sem o R' (como ela mesma descrevia) e Shogui (que não sabia que o próprio nome era semelhante ao jogo de tabuleiro japonês). Duas pessoas muito queridas, que estavam fazendo uma 'Eurotrip' de dois meses. Estes foram meus melhores companheiros 'barcelonetos'.
Em meio ao jogo de cartas, muitas pessoas foram aparecendo. Entre americanos, colombianos, gregos, escoceses, franceses, entre outros. Meu grau alcoólico já estava nas alturas, a ponto de eu virar 'poliglota' e arriscar a falar até em grego. Foi engrassadíssimo estar rodeada de pessoas tão diferentes e com o mesmo propósito em uma cidade maravilhosa. Visitamos boa parte dos pontos turístico juntos e bebemos até morrer da mesma forma.
Desnecessário falar os acontecimentos pessoais. Acho que tudo tem que ficar na minha lembrança para ser lembrado de forma mais profunda. Deixa os registros eletrônicos e até fotográficos só para as minhas impressões turísticas (que já são marcantes o suficiente).
Foi por estes e muitos mais acontecimentos que tenho Barcelona no fundo do meu coração. Apesar da tensão de estar em uma cidade turística e relativamente perigosa, tudo foi muito mágico e divertido. Boas energias fluíram ao extremo nos meus três dias de estadia na capital catalã. Saudades que chegam à doer.
Próximo destino: Madrid.