Este final de ano foi extremamente corrido, por isso dei uma sumida. Mas em compensação, tenho muitas novidades para contar.
Desde o dia 19 do mês passado tive os meus dias muito bem preenchidos, obrigada! Viagens, passeios, chocolates, quilos... enfim, coisas de 'holidays'.
Creio que o título já dá a informação básica sobre o texto. Para quem me conhece, sabe que isso foi uma das maiores realizações da minha vida: Visitar Liverpool, e, de quebra, ir ao show do Paul McCartney. Preciso dizer que fiquei feliz?
Ônibus, maquiagem, cervejas...
Coloquei o pé na estrada antes do almoço e levei seis cansativas horas de viagem. Mas apesar disso, andar pela Inglaterra é extremamente excitante, pois as paisagens são exatamente iguais as de um filme - ainda mais quando a neve as contemplam. Entretanto, acho que estava um pouco cansada demais para passeios solitários.
Cheguei quase à noite (quatro horas da tarde do inverno). Quando desci os degraus do ônibus, consegui deixar a minha ficha cair. Olhei para as casas, prédios, ruas, entre outras coisas que estavam ao meu redor. Tudo soava familiar demais... é, estava em Liverpool.
Foram anos e anos esperando por este momento tão especial. Praticamente a minha adolescência inteira imaginei como seria este momento. Nada aconteceu como o 'planejado' (se é que teve um plano concreto), mas a emoção foi certa.
Fiquei no Hatters Hostel, albergue localizado praticamente no coração da cidade. Com um preço bem accessível, a decoração do local é totalmente inspirada nos Beatles, com muitos desenhos temáticos do Yellow Submarine, além de portas com janelinhas redondas. Super recomendo!
Chegando lá, só deixei minhas coisas e peguei o mapa para me localizar. Sem demora e sem maquiagem, fui direto ao local quase sagrado aos beatlemaníacos: o The Cavern Club.
Foram alguns minutos minutos de caminhada e outros de fotos, mas quado virei a esquina e dei de cara com aquele letreiro vermelho, simplesmente arrepiei. Era engraçado sentir o meu corpo dessa forma a todo momento, a cada lugar ou até em alguns passos. Tudo em Liverpool era possível respirar estes quatro garotos, o que deixava meus sentidos inquietos e até mesmo detalhistas (se é que os beatlemaniacos me entendem).
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amor à 'primeira vista' |
O bar é subterrâneo, como muitos aqui no país. Desci umas quatro remeças de escada até chegar ao local. Fui surpreendida logo de cara com o palco feito de tijolinhos, e no mesmo momento me veio a imagem dos quatro lá em cima, tocando para um amontoado de pessoas que disputavam por um espaço.
Havia um rapaz muito, mas muito, parecido (inclusive a voz!) com o John Lennon quando jovem. Só ele e o violão, fazendo um pequeno grupo de pessoas (o bar não estava cheio) cantarem alto e com força os maiores sucessos de seus ídolos. Não pude conter as lágrimas neste momento.
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ele mesmo! |
Andando por aquele pequeno bar, dá para se fazer uma grande viagem no tempo. Existem muitas vitrines com retratos de famosos que passaram por lá, instrumentos, cartas, entre outros. Mas o que me deixou mais emocionada foram as fotos da época pelas paredes, de quando John, Paul, George e Pete Best (para quem não sabe, o primeiro baterista) fizeram suas apresentações de estreia. Lindo!
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meu paraíso |
Além de apreciar toda a 'paisagem da caverna', a cerveja era bem barata - apenas £3, digo "apenas" pois aqui em Londres o preço é consideravelmente mais caro. Dancei e bebi mais que meu corpo podia, tanto que tive um prejuízo com a minha câmera. Mas é a vida, né?
Beatlemanícos
Viagens solitárias, apesar de a princípio parecer um tanto 'entediosas', o fato é que você sempre está disposto a fazer novas amizades. E este foi o caso.
Dançando pelo Cavern, acabei conhecendo Camilla. Coincidentemente brasileira, de São Paulo, estava lá somente para passar um 'final de semana perdido', até saber sobre o show do Paul. Largou toda a programação, ficou mais uns dias na cidade, gastou uma grana não planejada só para tentar comprar o ingresso de última hora e testemunhar o espetáculo. Loucura total!
Loucura maior seria do Fabrice. Marqueteiro, há um ano deixou toda a carreira no interior da França para vender panquecas na cidade dos seus maiores ídolos. E mais! Não troca a vida que está levando por nada neste mundo!
Mas a pessoa mais 'linda' e 'mágica' que conheci, infelizmente não me lembro nem ao menos o nome. Um senhor inglês, de seus quase 70 anos. Em meio ao auxílio com a minha câmera, começou a dar todo o seu testemunho sobre os shows do Beatles no Cavern e em Londres, nos quais ele mesmo assistiu. Uma história mais arrepiante que a outra! Eu, que estava lá a sua frente, chorando com o trágico ocorrido, comecei a abraça-lo e a dizer que estava muito feliz naquela hora só pelo fato de tê-lo conhecido. Logo depois, fomos para a pista e dançamos muito. Alguém que vai ficar para sempre na minha memória :)
'O Dia'
Acordei com uma ressaca sem tamanho - além de estar com a mesma roupa da noite anterior. Com muito esforço me ajeitei o mais rápido possível para pegar o Magical Mistery Tour - um ônibus que te leva nos principais pontos da cidade, como as casas de cada um dos Beatles, a igreja onde eles tocara, Penny Lane, Strawberry Fields, etc, por apenas £15.
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com direito a escutar Beatles durante todo os percurso |
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acho que a foto informa |
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lindo! |
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casa do George |
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casa do Paul |
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Casbah - primeiro lugar onde o Beatles tocou |
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era um 'café' da mãe do Pete Best |
O passeio, apesar da minha ressaca, foi muito bom. Tirei algumas precárias fotos, pois a minha câmera, como disse, estava em um estado não muito bom (para não dizer 'quebrada').
A sessão 'arrepios' continuou à tona. Acho que só quem gosta mesmo para entender o que estou tentando dizer. É simplesmente lindo pisar nas exatas ruas que seus ídolos estiveram, ou melhor, viveram boas histórias para a vida toda. Me sinto extremamente realizada só por isso.
Mas para alimentar mais a emoção, eis que a noite chega. Fui ao show, e como contei no
texto anterior, tudo correu além das minhas expectativas (apesar de ser o terceiro). Por fim, para fechar a noite com chave de ouro, fui ao Cavern Club só para o 'ritual' se completar. Me senti como uma daquelas mocinhas dos anos 60, dançando rockabilly à convite de um belo rapaz, balançando o seu melhor penteado com o mesmo ritmo da saia rodada. Minha noite não poderia ser melhor!
Adeus...
No dia seguinte foi todo um ritual de adeus. Com o coração extremamente apertado, passei mais uma vez pelos lugares, tirei algumas fotos e toquei em muitas coisas, prometendo a cada uma delas que iria voltar.
Este sentimento é incomum. É incrível chegar em um lugar muito distante do seu local de origem e ter a sensação de que tudo aquilo é seu, de certa forma. As músicas que sempre me acompanharam em diversos momentos da vida, estavam estampadas em cada rua daquela cidade. Daí você repara que é possível sim escutar canções além de muros de tijolos e concreto.
Conhecer pessoas com interesses semelhantes aos seus, com loucuras de mudar toda a programação da rotina, da vida, ou até de se ter lembranças do passado que ficaram eternamente no coração de quem viveu e de quem escuta.
Sim... a frase estava completamente certa: 'e no final, o mesmo amor que você recebe é igual ao amor que você doa'.
(Lennon/McCartney)