Além do Jardim: Que tudo se foda

-- que tudo se foda,

disse ela,

e se fodeu toda.

[ Paulo Leminski ]

Aceitas um café?

Não há luxo entre estas paredes. Há um cheiro rústico dos móveis gastos pela sala de estar. A poeira brinca pelo ar sobre a luz do sol saída pela janela. Mas lhes garanto um lugar modesto, com lembranças estampadas na cerejeira com verniz. Logo ao centro, encontra-se uma velha poltrona grande e confortável, onde as marcas dos anos não deixaram a desejar em seu tecido. Acomode-se, sente-se. Aceite um café em uma xícara com rosinhas desenhadas em sua borda, tome lentamente para não se queimar. Ligue a vitrola ao seu lado, ouça mais sonetos eruditos de vanguardas inexistentes. Ria do que te aflige e chore pelo que te faz feliz. Olhe esta grande janela que está a sua frente, admire seus vidros lisos e coloridos em forma de mosaicos, com imagens brilhantes, contendo marcas da chuva que cai constantemente nesta estação. Além destes vidros marcados, pode-se avistar uma serena paisagem com folhas secas do outono passado, algumas árvores e lindas flores. Um jardim, que presencia luz e sombra, frio e calor, dias chuvosos e ensolarados, mas que nunca perde o seu encanto e a devoção do fazer entender do seu bom dia.

Além do Jardim

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Que tudo se foda

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