domingo, 10 de fevereiro de 2008

O Nosso Céu

O mais injusto é saber que você estava aqui o tempo todo, e eu fui me tocar do quanto gostava de você somente agora. Todos os dias em que me senti mal por não ter alguém de verdade do meu lado. Tive verões, carnavais e dias estrelados para me despedir de todas as coisas que me fizeram tão feliz. Todos os seus sorrisos, todo carinho teu. Tudo que agora eu fico tentando imaginar.

Só quero dizer como era lhe ter... Quando a madrugada chegava só existia eu e você. Mais que todos os 'tudo' que existem no mundo, você era o tudo que eu mais gostava e que a cada canção que tocava na minha mente, lhe queria mais e muito mais. Quando você segurava a minha mão, eu achava engraçado porque não me imaginava naquela situação. Você dizia as coisas de um jeito que me fazia rir. Parecia sério, mas era só um garoto de 10 anos correndo no meio dos normais com uma menina de 8.

Todo beijo era o primeiro. Quando a gente se calava e olhava um nos olhos do outro, eu me sentia uma criança como se todo dia entrasse num parque de diversões pela primeira vez. Lembra daquela noite em que estávamos olhando para o céu na mesma direção? Acho que foi a mais estrelada de todas as outras que já vimos juntos, mesmo que separados.

Você me fez muito feliz! Foi meu companheiro de artes e madrugadas acordada. Canções embriagadas nas praças e invasões noturnas em parques. Foi meu amor e meu amigo nas noites estreladas. Foi o melhor protetor de sono, o melhor beijo descarado. O grito mais alto de felicidade

Juntos descobrimos que apesar de toda distância que nos separa, ainda temos a chance de ter um sentimento sincero e importante um pelo outro, e que em algum futuro não muito distante, possamos se encontrar para conversar sobre as nossas frustrações, desejos, dramas e tudo mais, e ainda rir de tudo que passamos juntos (ou não). Juntos descobrimos que a vida é mesmo uma piada e a tua risada era o desfecho ideal, seguida de algumas doses de vodka a altas da manhã, sentados num canto cinza... Imaginando reservadamente a saudade que sentiríamos. Juntos, descobrimos que as palavras são enfeites para as coisas do coração. Que um olhar sincero dispensa todos os títulos e rótulos na vida de alguém. E nos enganamos ao pensar que seria só um 'quase beijo', lembra?

O que é mais injusto é pensar que eu poderia ter lhe seqüestrado e levado “pra qualquer lugar que você queira, e ir pra onde o vento for”. Que eu poderia ficar mais um dia inteiro deitada nos teus braços, só te olhando. Você estava aqui o tempo todo e mais do que qualquer outro fato importante que tenha ocorrido entre nós, conseguimos mostrar pra nós mesmos que as coisas não acontecem por acaso. Aqui está uma história cheia de detalhes que só vamos entender no final - ou talvez alguém entenda por nós. História dessas pra se contar pros netos, história dessas que ficam por aqui mesmo... Não aqui, presa nessas frases presas, mas aqui dentro de um lugar que nada e ninguém apaga. Levada pelo vento que só quem compreende a simplicidade dos momentos, consegue sentir. Que só quem tem a delicadeza de uma criança consegue entender.

Que só quem se apaixona de verdade pode explicar - mesmo que sem palavra alguma!

Somos obrigados a odiar esses quilômetros todos - que não são poucos. Espontaneamente obrigados a dormir com um só pensamento. Sou obrigada passar horas imaginando qual expressão fazer quando nos vermos de novo... Como te olhar! Eu sei que antes de dormir você fica viajando e a gente até sabe que nossos pensamentos anda se esbarrando - nos elevadores telepáticos -, e sabemos que o destino está a nosso favor, apesar de tudo que foge das nossas mãos.

E eu posso ficar assim, deitada por horas olhando as nuvens irem embora, imaginando que o meu céu é o teu céu também. Que essas nuvens que passam por aqui, vão para aí levando um desenho meu. E toda noite você colore esse desenho pra eu sorrir e dormir bem.

Todo dia me arrumo pra ficar bem nos teus sonhos, quem sabe até para os teus olhos. Todo dia penso que vou te encontrar nas ruas dessa cidade, te chamar para tomar um café, e você me contar sobre as coisas da vida. Trocar idéias sobre nossas paixões: cinema, livros e músicas. E rirmos juntos de nossas bobeiras, eu limpar o seu bigode de café e você me contar qual a melhor maneira de se tomar um. Acho isso tão engraçado... Como eu gostaria que realmente acontecesse! Que tudo isso fosse um “qual é a dica?”, e alguém gritar primeiro a resposta certa e nos admirarmos somente pelo fato de acertar este algo bobo, pois pensamos juntos a mesma coisa ao mesmo tempo. Mesmo assim, eu posso te saber de alguma forma. Você esqueceu muita coisa tua comigo. Coisas que agora são minhas também

O que é mais injusto é saber que, por mais forte que seja essa falta, não aproveitamos o quanto nossos corações queriam insistentemente, e insistimos dizer que está ‘tudo bem’ e deixar a tola razão falar mais alto. Mas quem saberá o dia de amanhã? O hoje que deixamos de lado escutando nossas lamentações, o mesmo ficou triste e foi embora, deixando somente os ruídos. Mas digo que a cada momento em que passamos juntos, foi o mais mágico e especial de toda a minha vida, apesar de ser a prestações e muitas vezes a curtos prazos - cuja validade, para mim, é por tempo indeterminado.

E sabe o que se torna mais certo no meio da incerteza do amanhã? Os milhares de beijos e abraços que sinto que vamos nos dar ainda, assim que o destino chegar e dizer: 'Ok, vocês passaram no teste, agora podem se ver porque todos os relógios desse e de outros mundos são de vocês!'



Nenhum comentário: